No exercício da política não vale tudo e maioria absoluta não significa poder absoluto. E na política o que parece é! Logo, no mínimo, em defesa da imagem pública do próprio governo, torna-se inaceitável que um elemento que fez parte daquele processo, mesmo sem qualquer culpa formada pela Justiça, seja nomeado para um cargo político. É que o processo está em curso, está muito longe de ser resolvido, o povo português está a sofrer na pele os desmandos de uns quantos sôfregos por dinheiro fácil, daí que, não exista uma única defesa para esta nomeação.
É tão grave para quem o nomeou, como é despudorado para quem aceitou. Mais grave ainda quando o primeiro-ministro e o ministro de Economia vêm defender a sua nomeação para o cargo de Secretário de Estado. Ora, o Dr. Franquelim Alves pode ter indiscutíveis qualidades provadas através do seu currículo académico e profissional, porém de uma coisa não se safa, é que pertenceu à administração da área não financeira da SLN – Sociedade Lusa de Negócios, proprietária do BPN – Banco Português de Negócios, isto é, pertenceu à administração daquela pouca-vergonha que todos estamos a pagar. Esse anátema persegue-o e, portanto, deveria ser ele o primeiro a agradecer o convite mas a decliná-lo. Pode dizer que esteve lá pouco tempo, que mais tarde colaborou no desvendar da teia, tudo isso não o iliba, politicamente, de ter lá estado e pertencido a uma organização que hoje se sabe ter sido mafiosa. A história do processo ainda não é conhecida em todos os seus contornos, mas ainda ontem voaram dos impostos dos portugueses mais mil milhões para ajudar a tapar o colossal buraco. No artigo de opinião do deputado Edgar Silva, leio: "(...) Este é um tempo confuso, tão desconcertante e que tanto assusta e magoa de manhã à noite. Fomos enganados... e tudo por culpa de Cristo, da angelical e boa fé de Cristo. Como escreveu Miguel Bauçã: "Finalmente, provou-se, os camelos conseguem passar pelo estreito fundo de uma agulha. Venceram o desafio que lhes lançou Cristo, com uma surpreendente facilidade. Cristo não teve em conta a grande perícia dos camelos". Exactamente isto, os camelos continuam aí, passando pelo buraco da agulha, fazendo fortunas, rindo-se da pobreza dos demais, justificando o injustificável, colocando os seus nos lugares-chave, sem um mínimo de pudor e ética. O caso do Dr. Franquelim Alves encaixa-se neste quadro por maiores e melhores justificações que possam ser dadas. Pode a pessoa em causa ir à Assembleia da República e pintar de cores garridas aquilo que aos olhos dos portugueses é muito cinzento a roçar o preto, pois manda o bom senso que ambas as partes teriam de dizer NÃO a um lugar no governo.
No exercício da política não vale tudo e maioria absoluta não significa poder absoluto. E na política o que parece é! Logo, no mínimo, em defesa da imagem pública do próprio governo, torna-se inaceitável que um elemento que fez parte daquele processo, mesmo sem qualquer culpa formada pela Justiça, seja nomeado para um cargo político. É que o processo está em curso, está muito longe de ser resolvido, o povo português está a sofrer na pele os desmandos de uns quantos sôfregos por dinheiro fácil, daí que, não exista uma única defesa para esta nomeação. De facto, "Cristo não teve em conta a grande perícia dos camelos".
Ilustração: Google Imagens.
1 comentário:
Senhor Professor
Em vez de camelos,Edgar Silva, conhecedor profundo dos temas bíblicos,talvez fosse mais rigoroso se os denominasse de PULHAS...É que,a palavra de Cristo,como sabe, terá sofrido uma popular, incorrecta, e menos culta, interpretação,do utilizado conceito de camelo. É pena que, um conhecedor, alimente o equívoco adquirido, entre corda grossa e o pobre e desadequado animal...
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