O governo menosprezou os conhecimentos certos, aqueles que são predizíveis, desprezou os incertos que obrigam a planos de contingência e secundarizou os desconhecidos, por exemplo, uma situação de crise, que obriga, naturalmente, a uma grande capacidade de adaptação e de resposta adequada a novas situações. Tudo isto foi esquecido, foi deixado de lado, não quiseram saber, por isso, chegámos à falência e à necessidade de responder às perguntas iniciais: onde estamos, onde queremos chegar e que passos teremos de dar para lá chegar! Questões que aprendi, enquanto aluno, e assim transmiti como docente. E sempre disse aos meus alunos que quem processar as mesmas soluções que utilizou no passado não pode esperar obter outros resultados senão aqueles que já foram obtidos no passado. Politicamente, foi o que este governo sempre fez, porque nunca sentiu a necessidade de assumir políticas assentes numa visão sustentável e portadora de futuro. O governo nunca se importou em fazer com que o futuro acontecesse, isto é, foi gerindo pelas estrelas, nunca se agarrou aos instrumento de bordo e, portanto, encalhou e só resta desmantelá-lo e mandá-lo para sucata.
Este Governo da Madeira mais parece um navio encalhado! Resta desmantelá-lo e mandá-lo para sucata. |
Consta que o PSD-M, obviamente, o governo, porque não se sabe onde começa um e termina outro, decidiu proceder a um estudo, "uma grande reflexão" sobre o futuro da Madeira e do próprio partido. No essencial pretende saber "o que é que a Madeira pode ser no futuro", simplesmente porque, assume a voz do dono, "a Madeira não vai ser no futuro o que Lisboa quiser", mas sim "aquilo que o povo madeirense decidir". Mais: "(...) o futuro é uma coisa muito séria para deixarmos ser só o coração a falar". Espantoso. Uma vez mais, subtilmente, é a voz da independência a falar. Mas não é isso o mais importante. Espantoso é saber que quase quarenta anos depois, o PSD e, por extensão, o governo, precisam de um estudo que os guie para o futuro. Se olharmos na perspectiva contrária, dir-se-á que, durante quarenta anos, guiaram-se pelas estrelas desprezando todos os instrumentos que o conhecimento científico e as respectivas técnicas operativas foi disponibilizando. Desde logo, a resposta a três perguntas simples mas profundas: onde estou, onde quero chegar e que passos tenho de dar para lá chegar. Seria da resposta a estas questões, onde entram múltiplas variáveis que deveriam ser totalmente escalpelizadas, que deveriam ter definido a criação de um futuro possível. Um futuro que, obviamente, necessitava de ser planeado através de uma rede integrada que consubstanciasse, com a maior coerência, o funcionamento dos sistemas e das organizações. E nada foi feito, ou melhor, guiaram-se pelas estrelas. Depois, é elementar, não se pode falar de gestão se a função do planeamento não estiver considerada. Tal como não se poderá falar de planeamento se não estiver, também e simultaneamente, considerado um apertado sistema de controlo. Li, algures, que um dos garantes de estarmos na presença de um gestor de sucesso, eu diria, público ou privado, pode ser indicado pela sua habilidade para implementar processos de planeamento. Por aproximação à Região, eu diria que se trata de uma atitude política e ideológica correlacionada com a realidade económica, financeira e social que se desejaria transformar ou implementar. Pelo testemunho dos indicadores, por essa navegação à vista, fica então claro que os instrumentos de planeamento foram secundarizados. E por aqui se chegou à falência.
Digamos que o planeamento deveria ter sido considerado como um instrumento de gestão, mas também e sobretudo como um instrumento de desenvolvimento. E não foi, daí a necessidade, quase quarenta anos depois, de estudar o que se está a passar no sentido de conseguir a primeira resposta à pergunta inicial: onde estamos?
Foi pela ausência de respostas e de planeamento que o quadro se tornou negro. Tivesse o governo sustentado toda a sua acção política no planeamento e hoje a situação seria outra. Porque o planeamento, na sua essência, corresponde a um controlo sobre o futuro; à existência de um diagnóstico da situação; a uma visão de conjunto sobre os problemas; à detecção antecipada dos problemas; à intervenção na causa dos problemas; a evitar situações isoladas e desarticuladas de um quadro geral; à determinação das prioridades; à obrigatoriedade de trabalhar por objectivos; à integração das políticas sectoriais nas políticas gerais; à mobilização das pessoas através da participação; à coordenação da gestão corrente; à rendibilização dos equipamentos, enfim, a uma série de preocupações que evitam ou mesmo limitam todo e qualquer ambiente gestionário determinado por impulsos. E não estou a falar de um planeamento formal, pesado, inflexível ao ponto de prejudicar as mudanças que têm de ser rápidas, num mundo onde a surpresa acontece a todo o momento. Nada disso. O planeamento tem de existir sobretudo com o pensamento da sua importância para a concretização dos objectivos estratégicos. Depois, existem os processos de adaptação às circunstâncias, os quais se forem devidamente conduzidos, podem definir a estrada do sucesso. O planeamento não é uma solução mágica, porque o futuro está em constante elaboração, mas é um compromisso determinante na estrutura das decisões. Ora, os dados provam a inexistência de planeamento e uma gestão claramente por impulsos.
O governo menosprezou os conhecimentos certos, aqueles que são predizíveis, desprezou os incertos que obrigam a planos de contingência e secundarizou os desconhecidos, por exemplo, uma situação de crise, que obriga, naturalmente, a uma grande capacidade de adaptação e de resposta adequada a novas situações. Tudo isto foi esquecido, foi deixado de lado, não quiseram saber, por isso, chegámos à falência e à necessidade de responder às perguntas iniciais: onde estamos, onde queremos chegar e que passos teremos de dar para lá chegar! Questões que aprendi, enquanto aluno, e assim transmiti como docente. E sempre disse aos meus alunos que quem processar as mesmas soluções que utilizou no passado não pode esperar obter outros resultados senão aqueles que já foram obtidos no passado. Politicamente, foi o que este governo sempre fez, porque nunca sentiu a necessidade de assumir políticas assentes numa visão sustentável e portadora de futuro. O governo nunca se importou em fazer com que o futuro acontecesse, isto é, foi gerindo pelas estrelas, nunca se agarrou aos instrumento de bordo e, portanto, encalhou e só resta desmantelá-lo e mandá-lo para sucata.
Ilustração: Google Imagens.
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