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domingo, 17 de março de 2013

ALUNOS NA GALERIA DA ASSEMBLEIA É O PIOR QUE SE PODE OFERECER À EDUCAÇÃO


Pior do que tudo isto é a presença de alunos do ensino básico e do ensino profissional a assistir a quadros que não transportam o sinal da dignidade e do respeito. Pedem palmas para os visitantes sentados nas bancadas e, logo a seguir, oferecem-lhes um espectáculo deprimente. Pergunto, o que podem esperar os professores quando estão nas salas de aula? Como poderão exigir comportamentos pautados pelo respeito, quando os sinais que recebem é de que vale tudo? E como é que as direcções executivas autorizam visitas a uma Assembleia que não é exemplo para nada? Este quadro tem de ser radicalmente mudado. A Assembleia não deve ter donos, porém, a verdade é que está capturada por um grupo. A Assembleia é de todos os representantes do povo. É a casa da Democracia, onde se deve respirar a liberdade e a responsabilidade. A Mesa da Assembleia é formada por Deputados e não por pessoas com assumem o lema do quero, posso e mando. A Assembleia é local de trabalho político pela população e não local onde tudo se faz para esconder as realidades e as verdades.

Uma Assembleia
mergulhada no vazio!
As últimas sessões da Assembleia Legislativa da Madeira constituíram o espelho da decadência da Região. Ontem, visionei alguns largos momentos disponíveis no youtube e, sinceramente, apesar do primeiro órgão de governo próprio não poder encerrar portas, no plano meramente abstracto, apetece-me dizer fechem para balanço. A sensação que transporto é que cada dia será pior. Simplesmente porque os problemas têm uma raiz profunda que se alastrou durante anos, através de uma maioria absoluta que partidarizou a Assembleia, que instituiu o princípio de que "aqui mandamos nós" e que, de alto a baixo, criou uma mentalidade de subserviência a um outro poder nas mãos do "vigia da quinta", na feliz designação do Padre Martins Júnior. Tudo aquilo é envolvido por uma membrana de medo, de cochichos pelas esquinas que atravessa todos os andares e todos quantos ali trabalham, o que favorece um ar irrespirável. E tanto fizeram e tanto semearam que, agora, estão a levar com a tempestade. Essa espécie de "tsunami" político continuará, com contornos cada vez mais graves, porque, sejamos claros, a panela de pressão imposta não teve em conta a necessidade de válvulas de escape. O poder absoluto tornou-se em razão absoluta, facto que ultrapassa as mais elementares regras do funcionamento da democracia. 
E assim é vê-los, os da maioria política, quando o copo extravasa, abanando a cabeça em sinal de descontentamento, como se não tivessem nada a ver, a montante, com tudo quanto semearam. Não tiveram nem têm, pensam, responsabilidades com as sucessivas alterações do Regimento, sempre no sentido de coarctar a palavra da oposição, não têm responsabilidades quando os pedidos de inquérito são liminarmente chumbados ou elaborados como fato à medida dos interesses do poder regional, quando todas as propostas são chumbadas, quando os regimentos específicos dos debates são elaborados pela maioria parlamentar e aprovados por essa mesma maioria, quando é sensível um comportamento rígido com os deputados da oposição e de grande tolerância com os da maioria, quando a esquerda política, intencionalmente, é sentada à direita do hemiciclo, quando nos momentos solenes, no dia da Região, por exemplo, só o poder tem direito a discursar, quando comemoram o 25 de Novembro e secundarizam o 25 de Abril. Estes entre tantos aspectos têm, aos poucos, conduzido a situações absolutamente execráveis num parlamento que deveria ser de significativa elevação. Para a maioria política as oposições apenas servem para enfeitar e conceder uma tonalidade pública democrática. Portanto, lamento o que ali se passa, mas não posso passar ao lado das causas mais evidentes geradoras daquele circo de péssima qualidade que a maioria política impôs ao longo de 37 longos anos.
Oxalá os professores
saibam fazer a desconstrução
do que a Assembleia lhes oferece.
Pior do que tudo isto é a presença de alunos do ensino básico e do ensino profissional a assistir a quadros que não transportam o sinal da dignidade e do respeito. Pedem palmas para os visitantes sentados nas bancadas e, logo a seguir, oferecem-lhes um espectáculo deprimente. Pergunto, o que podem esperar os professores quando estão nas salas de aula? Como poderão exigir comportamentos pautados pelo respeito, quando os sinais que recebem é de que vale tudo? E como é que as direcções executivas autorizam visitas a uma Assembleia que não é exemplo para nada?
Ora, este quadro tem de ser radicalmente mudado. A Assembleia não deve ter donos, porém, a verdade é que está capturada por um grupo. A Assembleia é de todos os representantes do povo. É a casa da Democracia, onde se deve respirar a liberdade e a responsabilidade. A Mesa da Assembleia é formada por Deputados e não por pessoas com assumem o lema do quero, posso e mando. A Assembleia é local de trabalho político pela população e não local onde tudo se faz para esconder as realidades e as verdades. Destas pessoas não há que esperar melhor senão a continuação da lengalenga que andam a cantarolar há muitos anos. Daí que, para que a Região possa voltar a ser respeitada precisa de um novo quadro parlamentar só possível com eleições legislativas regionais, onde quem nos trouxe a esta situação degradante, passe para a bancada da oposição. Há que construir um tempo novo que ponha fim a esta ditadura de uns quantos que vivem no quadro da democracia mas sem um mínimo respeito por ela.
Ilustração: Arquivo próprio (1) e Google Imagens (2).

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