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segunda-feira, 11 de março de 2013

A RIDÍCULA MOÇÃO DE CENSURA


O teatro está montado, o palco "engalanado" como se de uma sessão solene se tratasse. Os actores passaram o fim-de-semana a preparar, milimétrica e articuladamente, os seus textos, para amanhã cumprirem o número do desespero, num circo que funciona debaixo de uma tenta velha e esburacada. Até nas bancadas não vão querer outros espectadores que não os da família. Jovens que mais parecem velhos, consta, vão ali deleitar-se com os números de equilibrismo, de contorcionismo, de malabarismo e de palhaçadas ridículas. À saída talvez tenham direito a um espeto com algodão de açúcar. Que tristeza! Sem darem por isso, os personagens movimentam-se nos bastidores, demonstrando aflição quando deveriam apresentar total serenidade. Diz o Povo que "quem não deve não teme", daí que este estado de ebulição tenha um enorme significado político. O problema é que enquanto andam no teatrinho a Região afunda-se, os empresários passam horas sem facturar e, nos dias certos, têm de pagar a Segurança Social, o IVA, os empregados, etc.; o desemprego cresce e as instituições de solidariedade social não têm mãos a medir para esbater a fome. Enquanto andam no teatro da sobrevivência política, junto do povo as tensões aumentam, as consultas de psiquiatria disparam e a desesperança pela vida cresce. Será que esta gente está no seu perfeito juízo?

O vazio da Assembleia corresponde
ao vazio da Moção de Confiança 
Amanhã é o dia da "Moção de Confiança" apresentada pelo governo regional da Madeira. Galerias cheias, segundo dizem, por jovens da JSD, talvez com receio que uns quantos por lá apareçam a cantar a Grândola, uma maioria preparada para fazer o folclore do costume e dizem, também, ser dia de um aparato policial em redor da Assembleia porque o governo ali se desloca para provar que sua própria maioria lhe dá apoio incondicional. Quando há polícia a mais significa que o poder anda com medo das manifestações de desagrado. Entretanto, para compor esta ridícula cena, o Conselho Regional, no passado Sábado, reuniu para expressar "a sua solidariedade e confiança a todos os membros e ex-membros do Governo Regional que vêm sendo objecto de mais uma manobra de instrumentalização do aparelho de justiça para fins políticos, mal que o regime constitucional nunca conseguiu expurgar até agora". E o comunicado diz mais... que o "Conselho subscreve a Moção de Confiança apresentada pelo Governo Regional, visto a sua actividade, políticas e opções terem vindo sempre em favor do Povo Madeirense". Que dizer? Lindo, espectacular e digno de um regime absoluto e ditatorial. Resta saber quem escreveu o texto do Conselho Regional! Terá sido o próprio autor da Moção de Confiança? É uma das hipóteses.
Como se isto não bastasse, a Procuradoria veio dizer que o processo "Cuba Livre" não tem arguidos e prazos definidos. Por enquanto, penso eu. Por outro lado, fala-se, por aí, numa "manifestação espontânea" de empresários do regime, políticos e outros sentados à mesa do orçamento, unidos no sentido da defesa do "patrão" em função das "maldades" de Lisboa! Onde é que eu já vi este filme... talvez um pouco antes de 1974, com a brigada do reumático em salamaleques de apoio a Marcelo Caetano. Portanto, o mentor deste teatrinho, no essencial, o que pretende é chegar a Terça-feira, com vestes brancas e com uma auréola de total pureza política. Amanhã será então o dia da maioria gritar bem alto, na sede que já foi da Autonomia, por um lado, a inocência política do político benfeitor, do político estadista, do político imaculado ao qual todos se devem curvar e agradecer; por outro, será o dia de um cerrado ataque aos de "cuba livre", aos oposicionistas, essa corja que não consegue enxergar a "obra"; será dia, também, de vociferar perante todos quantos não entendem que a Constituição é verdadeira culpada por não terem ido tão longe quanto desejariam, isto é, a culpada pelo desemprego, pelas falências das empresas, pela pobreza, pelas faltas nos hospitais e nas escolas, pelas dívidas, enfim, a malvada Constituição foi o empecilho que a todos tramou. 
O teatro está montado, o palco "engalanado" como se de uma sessão solene se tratasse. Os actores passaram o fim-de-semana a preparar, milimétrica e articuladamente, os seus textos, para amanhã cumprirem o número do desespero, num circo debaixo de uma tenta velha e esburacada. Até nas bancadas não vão querer outros espectadores que não os da família. Jovens que mais parecem velhos, consta, vão ali aplaudir os números de equilibrismo, de contorcionismo, de malabarismo e de palhaçadas ridículas. À saída talvez tenham direito a um espeto com algodão de açúcar. Que tristeza! 
Sem darem por isso, os personagens movimentam-se nos bastidores, demonstrando aflição quando deveriam apresentar total serenidade. Diz o Povo que "quem não deve não teme", daí que este estado de ebulição tenha um enorme significado político. O problema é que enquanto andam a dar música ao povo, a Região afunda-se, os empresários passam horas sem facturar, embora nos dias certos têm de pagar a Segurança Social, o IVA, os empregados, etc.; o desemprego cresce e as instituições de solidariedade social não têm mãos a medir para esbater a fome. Enquanto andam no teatro da sobrevivência política, junto do povo as tensões aumentam, as consultas de psiquiatria disparam e a desesperança pela vida cresce. Será que esta gente que ocupa lugares políticos está no seu perfeito juízo?
Ilustração: Google Imagens.

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