1 de Maio, o dia de todos quantos trabalharam ou trabalham. O dia de todos nós. O dia a que uns, na liquidação dos feriados, certamente, lhes apeteceu arrumá-lo a um canto. Por razões ideológicas. Apenas dois exemplos: quando o patronato é sensível ao aumento do salário mínimo, o governo não, o governo, com um discurso de treta, espezinha, tritura e rouba nos impostos e taxas. Quando todos sabemos que mais horas de trabalho não significa melhor trabalho e resultados, o governo impõe mais horas de trabalho, esquece o justo pagamento das horas extraordinárias e cria um banco de horas. Como se os trabalhadores não tivessem família, não tivessem direito ao repouso e ao lazer e como se pudessem pagar as suas obrigações mensais com a lista do "banco de horas" realizadas. O descaramento é tal que, hoje, lá para os lados do Montado do Pereiro, o governo intromete-se na festa que é, genuinamente, dos trabalhadores. Um paradoxo!
Sabem, no entanto, porque assim fazem. Organizam com a deliberada intenção de dividir as concentrações promovidas pelos sindicatos e para exercer um certo controlo sobre os trabalhadores. Enquanto ali estiverem a brincar ao lenço e a comer uma espetadinha, certamente que não pensam nas agruras da vida, nem escutam discursos que falem dos seus direitos. Oh gente da minha terra... acordem, este é um dia de manifestação pelo direito ao trabalho com deveres, é certo, mas com regras que não sejam aquelas que derivam do essencial do código do trabalho.
Acordem porque vem aí o Documento de Estratégia Orçamental que prevê um conjunto de medidas de austeridade que ascendem a cerca 2,8 mil milhões de euros em 2014, mas os cortes estruturais de despesa vão ser mais substanciais e ascenderão a 4,7 mil milhões de euros, segundo avançou ontem o ministro das Finanças. As dúvidas não existem: isto significa mais cortes nos direitos sociais, menos empresas, mais desemprego e mais pobreza. É isto que vem a caminho.
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