Aquele despropositado Conselho de Estado assemelhou-se a um jogo de futebol, onde nada se decide e que apenas serve para cumprir o calendário. O comunicado dele saído denuncia isso mesmo. Se juntarmos as declarações anteriores de vários conselheiros bem como de outras figuras de referência nacional, pode concluir-se que se tratou de um desperdício de tempo. O essencial e prioritário não foi debatido, as questões que colocam em causa a vida de todos os portugueses continuarão por aí em rédea solta sem que ninguém contextualize e com firmeza aponte um caminho. O Presidente da República, uma vez mais, demonstrou fraqueza e calculista submissão a interesses ideológicos. Se nunca o foi, agora, está cada vez mais distante de ser o presidente de todos os portugueses.
Ora, num momento de sérios constrangimentos para empresários e trabalhadores, num momento de absoluta falta de confiança, num momento em que está demonstrado o total descrédito das políticas de austeridade, de empobrecimento e de continuada espiral recessiva, o comunicado do Presidente enuncia que no "quadro da criação de uma união bancária, o Conselho analisou a instituição dos mecanismos de supervisão, de resolução de crises e de garantia de depósitos dos bancos, um passo da maior importância para corrigir a actual fragmentação dos mercados financeiros da Zona Euro" (...) o "reforço da coordenação das políticas económicas" e a "criação de um instrumento financeiro de solidariedade destinado a apoiar as reformas estruturais dos Estados-membros", tendo sido defendidos mecanismos para fomentar a saída da crise económica com reformas que ajudem ao crescimento e ao emprego" (...) e que no quadro do "programa de aprofundamento da União Económica e Monetária deve criar condições para que a União Europeia e os Estados-membros enfrentem, com êxito, o flagelo do desemprego que os atinge e reconquistem a confiança dos cidadãos, devendo ser assegurado um adequado equilíbrio entre disciplina financeira, solidariedade e estímulo à actividade económica".
Ora, trata-se de um texto genérico, distante da realidade nacional e que poderia ter sido elaborado no âmbito de uma qualquer conferência europeia. Para um comunicado daqueles não seriam necessárias seis ou sete horas de reunião. É claro que o Presidente conhece os problemas nacionais, sabe onde está a doer, mas comporta-se como uma figura política manhosa e ardilosa, simplesmente porque não consegue libertar-se das suas convicções partidárias. A sua doutrina esmaga e cega, impedindo-o de uma postura de distanciamento e actuação em função dos interesses nacionais. Este Presidente comporta-se como um inimigo de Portugal e dos portugueses. Os conturbados tempos que vivemos exigem respostas adequadas e firmeza na actuação, exigem transparência nas atitudes de todos os órgãos de soberania, em circunstância alguma reuniões improdutivas, descontextualizadas e sem valor real para a vida dos portugueses. Ele ainda não percebeu que a maioria dos portugueses não o suporta.
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário