No meio desta cena, por vezes obscena, que tem ajudado a delapidar os cofres públicos, já lá foram nos últimos 20 anos, cerca de 51 milhões de euros, fora um passivo de mais de 30 milhões de euros. Enquanto uns, diariamente, têm de dar à sola para conseguir os meios necessários à sobrevivência no difícil e complexo mercado da comunicação social, o JM, com a bênção do Senhor D. António Carrilho, vive de um cheque mensal subtraído dos nossos impostos. E com uma incomensurável lata, o Estatuto Editorial do JM, aprovado pela Diocese, sublinha: "O JORNAL DA MADEIRA é um Diário de perspectiva cristã aberta a um são pluralismo ideológico, na fidelidade ao Evangelho e no amor da Verdade, visando a formação humana plena, que desperte os Homens para as suas responsabilidades e para a sua participação na construção do mundo contemporâneo, pelo que não está enfeudado a qualquer partido político, antes desenvolvendo uma visão crítica das realidades". A mesma Diocese que defende esta grosseira mentira e que assiste impávida e serena ao esvair de dinheiros públicos, volta-e-meia lá vem com o discurso da caridade, da esperança e do amor ao próximo. Incompreensível? Não, penso que não. Lá diz o Povo que uma mão lava a outra e as duas a cara. (parte de um texto já publicado e que pode ser lido aqui)
Lamento, profundamente, o despedimento de tantos e bons profissionais que, directa ou indirectamente, estão ligados ao DIÁRIO. Lamento porque são mais quase três dezenas que, num mercado de poucas ou nenhumas alternativas, têm sobejas razões para olhar o futuro com uma grande preocupação. E tudo porquê? Porque não há ninguém que ponha um travão nesta pouca-vergonha regional, onde dos impostos de todos os madeirenses, um governo dá-se ao luxo de ter um jornal para a sua própria promoção. Nos últimos vinte anos, no JM, caíram 51 milhões de euros. Todos os cidadãos trabalhadores, mesmo sem o desejarem, são contribuintes de um jornal que não respeita as leis do mercado. Nada tenho contra o Jornal da Madeira enquanto órgão de comunicação social que segue uma linha ideológica que não se coaduna com a minha. Tenho sim contra um jornal, pago por nós, para propaganda do poder dominante. O problema reside aqui. Que o jornal exista, sob a responsabilidade editorial da Diocese ou de um qualquer privado que nele queira investir, a mim não me afecta e, certamente, não afectará seja lá quem for. Simplesmente terá de respeitar as leis do mercado concorrencial.
O problema é que o Senhor Bispo do Funchal, responsável pelo Estatuto Editorial, mantém um silêncio cúmplice; o problema é que desde a União Europeia à Assembleia da República, passando pela Assembleia da Madeira (obviamente) e todas as instituições que têm a responsabilidade de zelar pelos interesses de uma comunicação social regulada e concorrencial, todos elaboram relatórios interessantes, todavia, de resultado zero! O problema é que o Representante da República perante isto considera que existe normalidade democrática na Madeira; o problema é que somos sócios do JM, do futebol profissional e de tanta outra coisa e ninguém se mexe para exigir o cumprimento das mais elementares normas do mercado. Até porque, nós, contribuintes, num quadro de desemprego e fome, vemos, todos os dias, em média, o JM receber mais de € 10.000,00. É isto que está na origem dos despedimentos no DIÁRIO. Mas também é isto que em próximas eleições terá de ser julgado. Espero bem que sim.
Ilustração: Google Imagens.
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