Fernando Savater, Filósofo espanhol, em "Carta a la Ministra", porque há um "perverso propósito de convertir a los neófitos em dóciles e adocenados robots al servicio de la omnipotencia castradora del poder establecido". Savater, mais adiante, fala da democracia que "consiste en institucionazar la libertad de las personas en su relación com el poder colectivo de la comunidad de la que forman parte. Es decir reconocerles voz, voto, capacidad de debate público y de decisión en el establecimento de leyes, autoridades y orientación del rumbo comunitario". En una palavra, convertir al individuo autónomo en último referente de la legitimidad del proceder colectivo: que la sociedad cobre sentido por medio de la vontad de las personas y no que las personas obtengan su sentido del servicio que prestan a una vontade común, de la que son portavoces irrevocables unos pocos predistinados en autoproclamada comunicación directa con el destino del pueblo, la verdade científica de la economia ou las raíces ancestrales de la tribu" (...) " Bien está. Pero libertad política que estamos reclamando (...) una reclamación incessante, inacabable (...)". Estamos, infelizmente, distantes desta forma de entendimento da democracia e, por esta e outras razões, o medo espreita a cada esquina.
Ontem participei num debate sobre as questões sociais. Nesse espaço de reflexão escutei uma intervenção do Padre José Luís Rodrigues. Segui as suas palavras com muita atenção. É um cidadão encantador pela forma como transmite a Palavra, porque é feliz naquilo que faz, porque é democrata e, portanto, uma pessoa livre que não se põe com rodriguinhos para analisar e enfrentar as situações. Não esconde nem se esconde. Sinto que respeita e gosta de ser respeitado. É o seu limite. Ontem, de forma sumária e incisiva, entre outros aspectos, equacionou a questão do medo. Isso levou-me a regressar a um seu artigo, publicado em Julho de 2011, onde sublinhou: o Autor Ralph Waldo Elerson, filósofo e poeta, disse: "faz aquilo que receias e a morte do medo será certa". A sociedade madeirense precisa de enveredar por este caminho, enfrentar o medo passa por aqui, permitir que aquilo que receia avance e venha, mesmo que nos façam crer que seremos dominados pelos piores diabos (...)". Nem mais.
Da sua intervenção resulta uma preocupação que acompanho: não existisse medo, subserviência política e auto-censura nesta sociedade e, certamente, teríamos um quadro social completamente diferente daquele que, infelizmente, nos confrontamos. A participação seria outra e os processos seriam outros. Mas muitos e muitos agacham-se, não tocam nas feridas por medo, e pior, ainda, escondem-nas ou passam por elas como gato sobre brasas. Isto acontece-se ao mesmo tempo que, na escola, como li em Fernando Savater, Filósofo espanhol, em "Carta a la Ministra", porque há um "perverso propósito de convertir a los neófitos em dóciles e adocenados robots al servicio de la omnipotencia castradora del poder establecido". Savater, mais adiante, fala da democracia que "consiste en institucionazar la libertad de las personas en su relación com el poder colectivo de la comunidad de la que forman parte. Es decir reconocerles voz, voto, capacidad de debate público y de decisión en el establecimento de leyes, autoridades y orientación del rumbo comunitario. En una palavra, convertir al individuo autónomo en último referente de la legitimidad del proceder colectivo: que la sociedad cobre sentido por medio de la vontad de las personas y no que las personas e nom que las personas obtengan su sentido del servicio que prestan a una vontade común, de la que son portavoces irrevocables unos pocos predistinados en autoproclamada comunicación directa con el destino del pueblo, la verdade científica de la economia ou las raíces ancestrales de la tribu" (...) " Bien está. Pero libertad política que estamos reclamando (...) una reclamación incessante, inacabable (...)". Ora, estamos, infelizmente, distantes desta forma de entendimento da democracia e, por esta e outras razões, o medo espreita a cada esquina.
Em Abril passado escrevi um texto sobre esta matéria que aqui reproduzo o essencial: (...) É muito complexo o que se está a passar. Há uns anos, apesar dos constrangimentos que uma maioria política instituía através das suas atitudes, constatava-se a existência de muitos homens e mulheres livres de pensamento. Tinham coragem de afrontar, de dizerem o que pensavam, de militarem nos partidos políticos da oposição, capazes de dizerem bem alto "não vou por aí". Lembro-me de tantos(as) que constituíam a primeira linha de uma cidadania activa, para quem se olhava e reconhecia coragem, competência e formação política. Transpiravam liberdade. Hoje, não, os constrangimentos deram lugar ao medo e ao pânico.
Sentem-se acorrentados, o receio do despedimento fá-los recuar, os quadros intermédios e superiores da Administração Pública se estavam condicionados, hoje, estão condicionados e apavorados. Há um silêncio ensurdecedor pelo receio de perderem o lugar na avalancha dos despedimentos que se aproxima. Falo com empresários e trabalhadores e o mesmo constato, o medo. Mas ao mesmo tempo que assistem à tragédia, a esta doentia forma de governar, incapaz de sair do labirinto onde se meteu, sinto também espelhada a revolta, o desejo de romper com esta gente de pensamento menor.
Intencionalmente geraram as condições para a existência do medo. Medo do futuro, medo de não poderem pagar os seus compromissos, medo de não poderem educar os filhos? E quando isto acontece emerge um outro medo: o da afirmação pessoal, o medo de dizer que discorda, o medo de assumir um papel político-social e, por extensão, o medo da mudança. Há medo, sem margem para qualquer dúvida, mesmo entre os que fazem parte do poder. Já há quem olhe em redor para ver quem está por perto. São sinais de uma sociedade doente e com medo.
O Padre José Luís Rodrigues tocou, exactamente, no ponto onde dói. Quando formos capazes de sacudir o constrangimento do medo, quando a sociedade se libertar deste sufocante espartilho, estou certo que do debate emergirão as soluções capazes de enfrentar as questões sociais (e todas as outras, claro) com outra dimensão no quadro de adequadas soluções.
Ilustração: Google Imagens.
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