A questão agora é a de saber até que ponto o PCP e o BE, no quadro das suas anteriores posições políticas, são capazes de concertar esforços no sentido de um entendimento sobre aquilo que me parece essencial: que não podemos rasgar documentos assumidos, mas podemos exigir a renegociação de tais documentos. Isto é, não são os de fora que vão ditar, unilateralmente, as regras do jogo, ao jeito de come e cala-te, mas com adultez política, as partes interessadas negociarem aquilo que é do próprio interesse das partes. A dúvida reside aí. Neste pressuposto, não me parece correcto, embora tenham direito à opinião, que um ou outro por aí apareça a tentar fazer a cama onde o CDS possa vir a deitar-se. Sabe-se o que tem sido a direita no poder, o que tem sido o CDS/PP que, há muito, faz um jogo de estar e não estar comprometido com as políticas, um CDS mestre a surfar as ondas e que se tem mostrado incapaz de dizer basta. É cúmplice no quadro a que chegámos. Politicamente, porque a História ensinou-me, tenho dificuldade em aceitar um partido que renega a sua identidade ideológica porque é sempre melhor ser poder do que oposição!
Em declarações ao jornal i, o ex-ministro da Saúde socialista, Dr. Correia de Campos, considerou ser necessária uma aliança nas próximas eleições – partindo do princípio de que o PS será o vencedor do sufrágio – e que esta só pode ser alcançada com o CDS porque, explica, "as relações com o CDS são fáceis e podem indiciar a possibilidade de haver uma coligação".
Ora, nem tudo o que é fácil é bom para o país, por isso, discordo, totalmente. Caso o povo não dê ao PS uma maioria absoluta, um governo de coligação, do meu ponto de vista, só pode integrar o PS, o BE e o PCP. Portugal (e a Europa) precisa de um governo de esquerda, um governo de princípios e de valores sociais, capaz de duas coisas: primeiro, internamente, corrigir todos os erros de percurso, sobretudo os dos últimos anos, que assente as suas políticas, entre outras, no crescimento económico, na intransigente defesa do que a Constituição determina como direitos (educação, saúde, segurança social), que aposte na reconfiguração do malfadado código de trabalho e, genericamente, na reorganização de toda a sociedade; em segundo lugar, seja capaz de mostrar perante a Europa que os portugueses não são capacho dos interesses seja lá de quem for. As dívidas são para serem pagas até ao último cêntimo, todavia, num ritmo e com juros adequados à realidade da situação social para a qual essa treta da troika nos arrastou através de uma incompreensível austeridade. Com a direita política, sabe-se que tal não é possível.
A questão agora é a de saber até que ponto o PCP e o BE, no quadro das suas anteriores posições políticas, são capazes de concertar esforços no sentido de um entendimento sobre aquilo que me parece essencial: que não podemos rasgar documentos assumidos, mas podemos exigir a renegociação de tais documentos. Isto é, não são os de fora que vão ditar, unilateralmente, as regras do jogo, ao jeito de come e cala-te, mas com adultez política, as partes interessadas negociarem aquilo que é do próprio interesse das partes. A dúvida reside aí. Neste pressuposto, não me parece correcto, embora tenham direito à opinião, que um ou outro por aí apareça a tentar fazer a cama onde o CDS possa vir a deitar-se. Sabe-se o que tem sido a direita no poder, o que tem sido o CDS/PP que, há muito, faz um jogo de estar e não estar comprometido com as políticas, um CDS mestre a surfar as ondas e que se tem mostrado incapaz de dizer basta. É cúmplice no quadro a que chegámos. Politicamente, porque a história ensinou-me, tenho dificuldade em aceitar um partido que renega a sua identidade ideológica, porque é sempre melhor ser poder do que oposição!
A posição do Deputado Europeu Dr. Correia de Campos (PS) causou-me uma certa azia. Essa posição conjuga-se com a do Dr. Bagão Félix (CDS) que, há dias, na SIC, falou da grande proximidade entre socialistas e democratas-cristãos na construção inicial desta comunitária Europa. Pode ter sido por acaso, mas as vozes começam a saltar e a gerar opinião. Da minha parte, embora seja uma hipótese muito remota, fica já decidida a minha posição: absoluto não a uma coligação entre o PS e o CDS/PP. Chega. Ponto final.
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário