Direitos da Criança, mas quais direitos, pergunto. Ou os direitos da criança terminam no cumprimento do dever de escolarização? E a Educação? E a família de suporte? Reconhecerá o secretário quantos abandonos e quanto insucesso por aí anda devido ao facto de tudo isto estar desconjuntado? Desta governação, durante 37 anos, ter sido egoísta, ter olhado para a eleição seguinte e não para a geração seguinte? Reconhecerá que a dita "obra" foi a do betão e não a do ser humano? Obviamente que não reconhece, porque as regras partidárias obrigam a uma permanente miopia ou a assobiar para o lado. Se assim não fosse não era secretário de coisa alguma. Eu sei que assim é, que existe uma grande diferença entre uma coluna óssea e uma coluna de plasticina. Eu sei, mas não tolero. E não tolero porque estou farto de tanta encenação, de secretários que todos os dias tentam vender o seu peixe (estou a me lembrar do inenarrável secretário dos recursos naturais e ambiente, que todos os dias descobre uma coisa para botar palavra), de políticos que fazem do exercício político uma máquina de projectar areia para os olhos das pessoas, não tolero esta política de trazer por casa, sem nexo e sem rumo que desgraçou uma população inteira. Não tolero, simplesmente porque sinto que estamos a deixar uma terra vazia, uma terra de emigrantes, uma terra onde as famílias e, por extensão, a esmagadora maioria das crianças terão um futuro marcado pelas dificuldades.
O "Dia da Criança" é amanhã, dia 01 de Junho. Todavia, li que o secretário da Educação fez questão de o antecipar para hoje. E lá vai ele, porque amanhã é Sábado, de escola em escola, fazer o número político, cumprir o calendário, para o governo aparecer na comunicação social. Se, o "Dia da Criança" comemora-se a 01 de Junho, seja Sábado ou Domingo, o que não falta são iniciativas nesse dia para que o governo eventualmente se associe. Mas não é isso que, apesar de considerar muito desadequado, me motivou escrever estas linhas. É que adivinho as imagens e conteúdos da visita: salas, recreios, meninos a brincar, conversa de treta do governante com as crianças e pouco mais do que isso. O essencial ficará de fora. E o que é o essencial? Respondo: a pobreza em que muitas crianças vivem, as necessidades sentidas, o desemprego dos pais, a dispensa de professores, a pobre acção social educativa e tudo o que ela envolve, para mais, em tempo de crise, as dívidas dos estabelecimentos de educação e ensino, a reorganização da sociedade que proteja a família e que, por extensão, ponha termo à Escola a Tempo Inteiro, enfim, um enormíssimo estendal de preocupações ficarão, com toda a certeza, à porta das escolas escolhidas a dedo para a visita. Aqueles sim, entre outros, são, directa ou indirectamente, os grandes interesses das crianças e das suas famílias, e que deveriam constituir o motivo primeiro de uma visita (mesmo que a 31 de Maio). O secretário ficará pelo número político o que significa que esta manhã não terá nem significado nem conteúdo.
Direitos da Criança, mas quais direitos, pergunto. Ou os direitos da criança terminam no cumprimento do dever de escolarização? E a Educação? E a família de suporte? Reconhecerá o secretário quantos abandonos e quanto insucesso por aí anda devido ao facto de tudo isto estar desconjuntado? Desta governação, durante 37 anos, ter sido egoísta, ter olhado para a eleição seguinte e não para a geração seguinte? Reconhecerá que a dita "obra" foi a do betão e não a do ser humano? Obviamente que não reconhece, porque as regras partidárias obrigam a uma permanente miopia ou a assobiar para o lado. Se assim não fosse não era secretário de coisa alguma. Eu sei que assim é, que existe uma grande diferença entre uma coluna óssea e uma coluna de plasticina. Eu sei, mas não tolero. E não tolero porque estou farto de tanta encenação, de secretários que todos os dias tentam vender o seu peixe (estou a me lembrar do inenarrável secretário dos recursos naturais e ambiente, que todos os dias descobre uma coisa para botar palavra), de políticos que fazem do exercício político uma máquina de projectar areia para os olhos das pessoas, não tolero esta política de trazer por casa, sem nexo e sem rumo que desgraçou uma população inteira. Não tolero, simplesmente porque sinto que estamos a deixar uma terra vazia, uma terra de emigrantes, uma terra onde as famílias e, por extensão, a esmagadora maioria das crianças terão um futuro marcado pelas dificuldades.
Dia da Criança! Pois, mais um dia, com um lanche reforçado na Sexta, uns passeios pela ilha, muitos cantares e ilusões, um secretário a fazer de conta que tudo está bem... e na próxima Segunda, ou até no próprio dia 1, Sábado, tudo regressará à normal anormalidade, imposta por gente de aparências que não se preocupa com direitos universais que estão muito para além de um dia e de uma visita!
Ilustração: Google Imagens.
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