A Educação anda à deriva. O Ministro Nuno Crato à deriva anda. Não seria de esperar outra coisa. Tenho presente as suas posições naquele "Plano Inclinado" da SIC. Não tenho memória de um ministro conceptualmente tão fraco e sem uma estratégia portadora de futuro. Ontem, na SIC, tendo como pivot a jornalista Ana Lourenço, o debate entre o Doutor Paulo Guinote e o Engº Couto dos Santos ficou muito clara a fragilidade deste ministro. Couto dos Santos foi ali fazer o frete, a defesa do ministro Nuno Crato, embora sem dele falar, todavia, sem argumentos, vazio de conteúdo e sobretudo, completamente perdido, evidenciou uma intolerável arrogância. Paulo Guinote, sereno, dominando o que estava a transmitir, como se diz na gíria do futebol, deu-lhe um "baile"... de conhecimento, avivando-lhe a memória histórica. Ora bem, já aqui escrevi que para o ministro da Educação bom seria os professores fazerem greve nas suas férias, ou então no decorrer das interrupções lectivas. Para ele seria legítimo e até certo ponto compreensível. A greve ao primeiro dia de exames, logo naquele que envolve todos os alunos (Português), aí não, aí constitui falta de consideração pelos alunos. Mas tratar os professores como peças descartáveis, ofendendo-os na sua dignidade profissional, atentar contra o seu Estatuto, coarctar carreiras e salários, aí não existe qualquer ilegitimidade. Ainda por cima, como vulgarmente se diz, é "teimoso que nem um burro", podendo adiar o exame do dia 07 para o dia 10, tendo perdido o diferendo no Tribunal Arbitral, mantém a sua posição inicial, colocando o problema em um patamar de indefinição e de substancial aumento da conflitualidade.
Nascido em Lisboa em 1965, professor do 2.º ciclo do Ensino Básico, Paulo Guinote é licenciado em História, mestre em História Contemporânea e doutor em História da Educação. É autor e co-autor de uma dezena de livros na área da História. Em 1997, ganhou o prémio de investigação Carolina Michaëlis de Vasconcelos com a sua dissertação de Mestrado Quotidianos Femininos (1900-1933). O seu blogue A Educação do Meu Umbigo, criado em Novembro de 2005, transformou-se num caso único de popularidade na blogosfera portuguesa, tendo atingido os 4 milhões de visualizações durante o ano de 2008. Quanto a Couto dos Santos, é um Engenheiro Químico e empresário, que ocupou várias pastas nos governos da República, entre os quais o de Ministro da Educação, entre 19 de Março de 1992 e 07 de Dezembro de 1993. Foi um dos cinco ministros da Educação enquanto Cavaco Silva foi Primeiro-Ministro de Portugal. Outro que andou à deriva com a Educação, com cinco ministros em dez anos!
Crato está a provar o veneno da intolerância. Falta o Presidente o Governo Regional dizer que está solidário com os professores! Tal como o fez no tempo dos governos socialistas. |
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