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sexta-feira, 21 de junho de 2013

O PRESIDENTE DO GOVERNO REGIONAL É CONTRA A GREVE! OBVIAMENTE. BICO CALADO É QUE É BOM.


O que me preocupa é o princípio que determina a não consagração do direito à greve, seja em que sector for. Esse é que me parece o dado político mais relevante. Hoje, as forças armadas, forças de segurança, saúde, justiça e transportes, amanhã, todos os restantes. É assim que, ideologicamente, certas correntes de pensamento estrangulam os povos. Certamente que, bom para o ainda presidente é todos serem obedientes, todos assumirem o princípio do come e cala-te, todos verem o desgoverno e assobiarem para o lado, todos sentirem que pagam luxos e obras megalómanas, mas de bico calado, todos fazerem vénia e, ainda por cima, levarem vergastada da grossa através da dupla austeridade e continuarem caladinhos, todos saberem que foram escondidas facturas e acreditarem que tal denúncia tem origem nos pata-rapadas invejosos, haver desemprego aos magotes e acreditarem que isso é consequência daqueles senhores do "contenente", todos saberem que os instrumentos de planeamento territorial são subvertidos, mas olharem para os atropelos como necessários ao bem-estar do povo, todos saberem que existe um Jornal da Madeira, pago por todos para enaltecimento de alguns, e olharem para a pouca-vergonha sem reacção. Isso é que bom. Bom é, todos os anos, convidar os sindicatos para um jantar e falar de paz social, como se ela existisse. Isso é que é bom e importante para a Madeira. Todos caladinhos. Bom é ter desde a festa da cebola à agro-pecuária, um palco pago pelos contribuintes para aí desancar em todos quantos não alinham na farsa. Direitos, mas quais direitos? Direito ao trabalho, à saúde, à educação, à segurança social, entre outros, alto e parem o baile porque isso é treta no mundo de hoje. O que se espera do povo é que trabalhe para o senhorio.

Bico calado é que é bom!

Ainda bem que o presidente do governo regional da Madeira, Dr. Alberto João Jardim, defendeu, em artigo de opinião, a proibição da realização de greves nos sectores das forças armadas, forças de segurança, saúde, justiça e transportes. Ainda bem porque cada vez mais ficam clarificados os seus posicionamentos políticos. Não é a primeira vez que o afirma, mas aquilo que constituíam zonas sombrias do seu discurso estão, uma a uma, a cair e a denunciar quem verdadeiramente é o dito "social-democrata". Que de democrata tem muito pouco e de social é ver o desastre que varre a Região. Não vou fazer juízos de valor, apenas constatar e comentar o que disse o presidente do governo: "Hoje, continua a ser "politicamente incorrecto" tratar o direito à greve, não como direito absoluto – só são direitos absolutos os inerentes à natureza da pessoa humana – mas como um direito que tem de estar subordinado ao bem comum" (...) "é insustentável o direito à greve" não só nas forças armadas, nas forças de segurança e nas instituições de socorrismo, como no aparelho de justiça, "pois os tribunais são considerados órgãos de soberania" (...) é "insustentável a paralisação grevista" por exemplo, no sector da saúde, pois "a vida é o direito supremo da pessoa humana", por isso "não se brinca com a vida". 
Bom, logo à partida, mete tudo no mesmo saco, como se ao lado de uma greve não existissem regras a cumprir no quadro dos designados serviços mínimos. É assim na saúde e nos transportes, por exemplo. Mas, enfim, não quero entrar por aí. O que me preocupa é o princípio que determina a não consagração do direito à greve, seja em que sector for. Esse é que me parece o dado político mais relevante. Hoje, as forças armadas, forças de segurança, saúde, justiça e transportes, amanhã, todos os restantes. É assim que, ideologicamente, certas correntes de pensamento estrangulam os povos. Certamente que bom para o dito é todos serem obedientes, todos assumirem o princípio do come e cala-te, todos verem o desgoverno e assobiarem para o lado, todos sentirem que pagam luxos e obras megalómanas, mas de bico calado, todos fazerem vénia e, ainda por cima, levarem vergastada da grossa através da dupla austeridade e continuarem caladinhos, todos saberem que foram escondidas facturas e acreditarem que tal denúncia tem origem nos pata-rapadas invejosos, haver desemprego aos magotes e acreditarem que isso é consequência daqueles senhores do "contenente", todos saberem que os instrumentos de planeamento territorial são subvertidos, mas olharem para os atropelos como necessários ao bem-estar do povo, todos saberem que existe um Jornal da Madeira, pago por todos para enaltecimento de alguns, e olharem para a pouca-vergonha sem reacção. Isso é que bom para a Madeira. Todos caladinhos. Bom é, todos os anos, convidar os sindicatos para um jantar e falar de paz social, como se ela existisse. Isso é que é bom e importante para a Madeira. Bom é ter desde a festa da cebola à agro-pecuária, um palco pago pelos contribuintes para aí desancar em todos quantos não alinham na farsa. Direitos, mas quais direitos? Direito ao trabalho, à saúde, à educação, à segurança social, entre outros, alto e parem o baile porque isso é treta no mundo de hoje. O que se espera do povo é que trabalhe para o senhorio.
Ele esquece as lutas e o sangue derramado pela dignificação humana, as lutas pelo trabalho com deveres, mas também com direitos, as lutas de quantos morreram pela liberdade para que hoje ele próprio seja presidente do governo. Não gosta que as pessoas tenham direito à reivindicação, não gosta da cidadania activa, pois devem resignar-se ao fatalismo, devem carregar a cruz, devem subordinar-se aos grandes impostores que falam de cima da carroça. Mas está enganado. A greve é uma arma, a última de um processo, quando já ninguém ouve o óbvio. É um direito que eu diria sagrado, simplesmente porque o ser humano não pode ser capacho de políticas que o ofendam na sua dignidade, seja ele das forças armadas, das forças de segurança, da saúde, da educação, da justiça ou dos transportes. É um direito e ponto final. Coarctá-lo seria abrir caminho aos déspotas e a uma cada vez maior subordinação dos fracos perante os fortes. Há sempre prejudicados em uma greve, pois há. Inevitavelmente. Por isso é que a greve alerta, estimula a atenção da hierarquia superior para as condições múltiplas que ofendem e humilham o ser humano. Se não quer a greve entre na negociação séria, honesta e sem condições. Mas para ele, presidente do governo, parece que já se esqueceu do que foi a colonia e talvez prefira, de modo mais soft e mais requintado, que a presença do senhorio continue a fazer lei. Está enganado, mesmo que, ao longo dos anos, tivesse criado um polvo de interesses e de medo que conduzem a que a greve seja vista por muitos com apreensão. 
Ilustração: Google Imagens.

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