A situação apanhada e narrada pelo DN, explica o que se adivinha por detrás da cortina deste palco: os interesses, os "bons telefones" e telefonemas, a possibilidade de protecção de uns em relação a outros empresários, os bons e os maus, isto é, os que aguentam e os que colocam a boca no trombone, as facturas que ficam a marinar em relação a outras que apanham luz verde, os grandes que rapam o tacho em relação aos pequenos que amarelam na promessa de, possivelmente, amanhã, irá a despacho, enfim, quando se chega ao ponto de apanhar o "patrão" (na Comissão Política) e dizer-lhe, sem rebuço, amigo, afinal como é, quando é que você paga o que deve, parece-me que nem o "patrão" tem mão nos trabalhadores da quinta! Mas é assim que as "máfias boazinhas" funcionam, com o chefe a dizer, repetidamente, para "não darem tiros ...", apenas deseja que, neste momento de desespero se cumpra o princípio de "um (ele) por todos e todos por um (ele)". O galinheiro parece-me em alvoroço porque a ração é cada vez menor, de onde, insatisfeitos, os galos de crista menor, parecem organizados para concentrar para si a pouca ração disponível. É o salve-se quem puder.
Narra a edição de hoje do DN-Madeira que na última Comissão Política do PSD-M, o Deputado Jaime Filipe Ramos terá questionado o presidente da CP, simultaneamente, presidente do governo regional da Madeira sobre a liquidação das dívidas às construtoras. Este assunto, parece-me óbvio, que não pode passar em claro. Isto é o que se designa por gestão da quintinha onde o capataz, pela amizade construída ao longo de anos pelos serviços prestados, sobretudo no controlo do pessoal, almoça com o patrão e aproveita para questionar sobre as dívidas da quinta, esquecendo-se que o lugar que ocupa não lhe permite entrar em esferas que não são da sua competência. Ora, transportando esta imagem para o enquadramento político, significa isto que há gente que perdeu a noção do que é o partido e do que é o governo. Isto é, gerem a coisa pública como se partido e governo fossem a mesma entidade e, pior do que isso, que assuntos empresariais, portanto, de natureza privada, entrem na sede do partido. Dir-se-á que pouco ralados estão com questões de princípio, de separação de interesses e até de imagem pública. Mas, ali, pelo que se sabe, não existe qualquer linha que separe onde termina o partido e começa o poder. Aquilo funciona como uma quintinha onde o capataz se dá ao luxo de questionar assuntos de uma outra esfera de competências. Ora bem, se o empresário x ou y tem facturas por liquidar, e devem ser muitas, esses empresários devem solicitar uma reunião com o presidente do governo ou com o secretário das finanças e aí colocarem os pontos nos i, para quando e como tal facturação será liquidada. Nunca, em circunstância alguma, pode uma comissão política de um partido tratar de assuntos que são, obviamente, de natureza empresarial.
Esta situação, apanhada e narrada pelo DN, explica o que se adivinha por detrás da cortina deste palco: os interesses, os "bons telefones" e telefonemas, a possibilidade de protecção de uns em relação a outros empresários, os bons e os maus, isto é, os que aguentam e os que colocam a boca no trombone, as facturas que ficam a marinar em relação a outras que apanham luz verde, os grandes que rapam o tacho em relação aos pequenos que amarelam na promessa de, possivelmente, amanhã, irá a despacho, enfim, quando se chega ao ponto de apanhar o "patrão" (na CP) e dizer-lhe, sem rebuço, amigo, afinal como é, quando é que você paga o que deve, parece-me que nem o "patrão" tem mão nos trabalhadores da quinta! Mas é assim que as "máfias boazinhas" funcionam, com o chefe a dizer, repetidamente, para "não darem tiros ...", apenas deseja que, neste momento de desespero se cumpra o princípio de "um (ele) por todos e todos por um (ele)". O galinheiro parece-me em alvoroço porque a ração é cada vez menor, de onde, insatisfeitos, os galos de crista menor, parecem organizados para concentrar para si a pouca ração disponível. É o salve-se quem puder.
Ilustração: Google Imagem.
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