Segui as declarações do Dr. Mário Sares, ex-Presidente da República. Revejo-me, totalmente, no que disse. Mário Soares considera que uma "parte do governo" é "delinquente" e pede o julgamento "a estes senhores depois de saírem do poder" (...) "Como é que é possível que um político como o ministro dos Negócios Estrangeiros, não se demita? Não ter sensibilidade e inteligência para o fazer?", questiona o ex-Presidente que admite que Passos Coelho deveria seguir o mesmo caminho. (...) Como é que é possível que o primeiro-ministro não se demita a ele próprio, depois de saber que é vaiado em toda a parte, que ninguém o toma a sério (...) e continue agarrado ao poder, como uma lapa?" Nem mais. Ainda ontem, no meu último texto, chamei à atenção para o que se passou na Islândia, onde houve gente a contas com a Justiça. Mário Soares disse mais: relativamente a Paulo Portas, o seu regresso como vice-primeiro-ministro "é de gente que não tem valores, princípios, espírito, nem carácter nem nada".
Mário Soares continua a ser uma voz de grande lucidez política. |
Estas declarações poderão parecer excessivas, muito duras e, até certo ponto, deselegantes. Mas não são. As patifarias que desde há dois anos andam fazer aos portugueses merecem aquelas considerações. Simplesmente porque um governo eleito não goza do "direito" totalitário, a todo o momento deve estar sujeito ao escrutínio do povo, em geral, e dos órgãos de comunicação social, em particular. Este governo, de braço dado com interesses políticos estrangeiros, confunde maioria absoluta com poder absoluto. Verga-se a tudo, aceita imposições ilegítimas, numa clara entrega da soberania nacional. Devemos dinheiro, pois bem, é verdade, emprestaram-nos, talvez, melhor dizendo, venderam-nos dinheiro e o dinheiro tem um preço. Certo. Mas onde estão as causas do desastre? Foi Portugal o centro que despoletou a crise? E a crise que paira pela Grécia, pela Itália, por França, pela Irlanda, por Espanha, teve origem onde? Quem foram os seus causadores? O povo português, historicamente pobre, pode, neste contexto, ser espezinhado, por um conjunto de interesses de um bando de malfeitores que controlam, especulativamente, as parcas riquezas nacionais? Ora bem, Mário Soares assume a frase "não pagamos". Eu percebo o que aquelas palavras querem exprimir. Nestas condições não, absolutamente, não devemos pagar. É aquilo que já por mais de uma vez aqui escrevi, que é tempo dos políticos portugueses, "diplomaticamente", mostrarem os dentes à Europa e ao FMI. E aí gostaria de ver o comportamento dos mercados financeiros em função do medo do efeito dominó. Gostaria de ver como reagiriam os investidores/especuladores, os que não têm pejo algum em impor juros obscenos a um País de baixos recursos. Gostaria de assistir ao comportamento dessa direita política, ideologicamente conluiada com essa economia de casino que varre a Europa.
Faltam políticos como Jorge Sampaio nesta fase complicada da vida dos portugueses |
Dir-me-ão, e a honradez? Exactamente por isso. Devemos pagar, sim, até ao último cêntimo, mas tendo em consideração o País que somos e as debilidades estruturais, sobretudo porque a crise foi importada em função das políticas de outros. Outra coisa é entrar no País e impor o empobrecimento compulsivo da população, rasgar os contratos de confiança estabelecidos entre o Estado e a população, impor reduções drásticas nos salários, impor o roubo e mesmo o confisco daquilo que ao Estado não pertence, espremer reformados e pensionistas, impor o despedimento tornando os trabalhadores peças descartáveis a qualquer momento. Isto, é que me parece intolerável.
Como é possível confrontarmo-nos com gente sem escrúpulos que tudo fazem para pressionar os juízes do Tribunal Constitucional. Neste aspecto, acompanho as recentes declarações de um outro ex-Presidente da República, o Dr. Jorge Sampaio, que se referindo às críticas ao Tribunal Constitucional, afirmou: "esta barragem já vai pelo dr. Durão Barroso que nos manda ter juízo, vai pela senhora Lagarde, que não é capaz de dizer isso sobre o equivalente ao Tribunal Constitucional em França, e ninguém o diz na Alemanha" (...) "Eu senti um apelo patriótico, não por causa da decisão A ou da decisão B. É inadmissível que a gente não defenda a nossa democracia e as nossas instituições" (...) "A maneira como se fala do Tribunal Constitucional é uma coisa de uma gravidade extrema". Para Jorge Sampaio, o Tribunal Constitucional "tem dado provas, em largos anos, de uma jurisprudência que tem formatado a vida democrática e constitucional portuguesa" e é "uma peça essencial, sobretudo quando há cortes muito sérios em relação a princípios fundamentais, que têm que ser analisados pela instância que se criou para isso, princípios de justiça e da proporcionalidade". Estou em total acordo. E concordo, também, com o antigo presidente da República Dr. Mário Soares, quando critica a postura de Cavaco Silva, que "anda pelo estrangeiro e não diz uma palavra" (...) "É significativo do medo com que está como protector de um Governo que todo o povo odeia".
Como é possível confrontarmo-nos com gente sem escrúpulos que tudo fazem para pressionar os juízes do Tribunal Constitucional. Neste aspecto, acompanho as recentes declarações de um outro ex-Presidente da República, o Dr. Jorge Sampaio, que se referindo às críticas ao Tribunal Constitucional, afirmou: "esta barragem já vai pelo dr. Durão Barroso que nos manda ter juízo, vai pela senhora Lagarde, que não é capaz de dizer isso sobre o equivalente ao Tribunal Constitucional em França, e ninguém o diz na Alemanha" (...) "Eu senti um apelo patriótico, não por causa da decisão A ou da decisão B. É inadmissível que a gente não defenda a nossa democracia e as nossas instituições" (...) "A maneira como se fala do Tribunal Constitucional é uma coisa de uma gravidade extrema". Para Jorge Sampaio, o Tribunal Constitucional "tem dado provas, em largos anos, de uma jurisprudência que tem formatado a vida democrática e constitucional portuguesa" e é "uma peça essencial, sobretudo quando há cortes muito sérios em relação a princípios fundamentais, que têm que ser analisados pela instância que se criou para isso, princípios de justiça e da proporcionalidade". Estou em total acordo. E concordo, também, com o antigo presidente da República Dr. Mário Soares, quando critica a postura de Cavaco Silva, que "anda pelo estrangeiro e não diz uma palavra" (...) "É significativo do medo com que está como protector de um Governo que todo o povo odeia".
Começa a ser tempo de colocar um ponto final neste sofrimento colectivo quando se aproxima o debate do Orçamento de Estado para 2014, onde, pelo que se sabe, vem a caminho uma carga de pancada sobre os trabalhadores, sobre as famílias, sobre todos os sistemas e sobre os reformados, pensionistas e generalidade dos idosos. É tempo de colocar esta gentalha na ordem.
Ilustração: Google Imagens.
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