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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

2013 - UM SUICÍDIO A CADA SEIS HORAS


Quem os ouve na Assembleia da República ou em outros espaços e confronta as palavras ditas com a realidade, só pode concluir uma de duas coisas: ou estão desfasados da realidade da vida dos portugueses, ou são mestres na arte de mentir mantendo um semblante de grande seriedade. Eu penso que são portadores das duas hipóteses, pois mentem que nem um saco roto e são pessoas insensíveis à dureza da realidade. Eu já não os consigo ver, muito menos suportar. Eu que gosto do debate político, que seguia com entusiasmo os pontos de vista não só dos políticos, mas dos comentadores, hoje, tantas vezes dou comigo ligado à RTP-Memória. Dispo-me das minhas convicções partidárias, aspecto que não é fácil, e situo-me na condição de cidadão que cruza a informação disponível, as leituras de outras fontes, na busca das causas das causas e, normalmente, concluo que uma grande parte do que ouço não é sério, não é honesto, é frágil e muito superficial. Mentem e repetem a mentira e de tanto mentirem mais me fazem lembrar o ministro da propaganda nazi, Joseph Goebbels, que disse que "uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade".


"Pinóquio" da história recente!

Na situação pela qual passam os portugueses eu não diria que a mentira se tornou verdade, bastando para isso olhar para as grandes manifestações que têm decorrido em todo o país, todavia, são geradoras de alguma dúvida, de uma permanente interrogação e mais do que isso, de medo, ao jeito de "não venha pior". O caminho foi aberto nesse sentido, primeiro através de uma dramatização como nunca, depois, de fazer acreditar que não existe caminho alternativo. Temos de empobrecer, facilitar o despedimento, criar as condições para a emigração forçada, roubar aos reformados e pensionistas, extorquir o produto do trabalho com impostos, taxas e sobretaxas, não pagar horas extraordinárias, envelhecer no posto de trabalho, desprezar os idosos em quase tudo e fazendo-os recolher filhos e netos, enfim, todos os dias, ao longo dos dois últimos anos, tem sido este o rosário e o calvário dos portugueses. Insensíveis, ainda ontem, na Assembleia da República, vi um primeiro-ministro de mil e um enganos, em mais um titânico esforço de tornar a mentira em uma verdade absoluta. Em concordância com o seu chefe, há dias, para rematar, a ministra das Finanças, disse que os portugueses não podem se sentir injustiçados. Esta gentinha, por acaso, sabe do que fala, tem a noção do que por aí vai? Penso que não. 
Deixo aqui apenas uns números para reflexão. Recentemente foram divulgados os suicídios de 2012. Aumentaram 6,2% em relação ao ano anterior: 1076 casos em 2012. Três por dia. Um de oito em oito horas. Com uma curiosidade: 57 vezes superior nos idosos. Nos primeiros seis meses de 2013 verificaram-se 674 suicídios. A média mensal de 2013 está nas 84 mortes, sendo que os dias de menor luminosidade, factor associado pelos especialistas ao aumento dos sentimentos de angústia e desesperança, mal chegaram. Mas atenção, "estes números estão longe de reproduzir fielmente o que se passa. Nem todos os suicídios são reportados, muitos corpos não chegam a ser autopsiados (para isso acontecer tem de haver requisição da parte do Ministério Público). E por detrás do mistério das mortes por causa indeterminada - 232 casos até agosto deste ano - pode estar também o suicídio" (Jornal de Notícias).
São valores dramáticos. Não bastasse esse drama, segundo o INE, confrontamo-nos com uma "proporção crescente de idosos e decrescente de jovens; um aumento do índice de dependência de idosos e de envelhecimento; uma taxa de crescimento natural negativa; um decréscimo do índice sintético de fecundidade e com uma crescente taxa de desemprego". Só o governo não consegue ver o que significa a conjugação de todos estes aspectos. Esta gentinha tem de ser posta a andar. Quanto antes.
Ilustração: Google Imagens.

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