Não estranhei a posição do CDS/PP relativamente ao convite do Dr. Paulo Cafôfo, presidente eleito da Câmara Municipal do Funchal, para integrar o elenco da governação. O PSD, porque afastado pelos eleitores, está em momento de difícil digestão e o seu "chefe" já veio dizer aos vereadores que terão de fazer oposição séria. O que isto significa, logo se verá. Quanto ao CDS, enfim, como a bengalinha não funcionou, pois bem, governem então sozinhos! Estranhei, sim, a posição da CDU (PCP). Confesso que tenho muita dificuldade em perceber este não. A oposição levou anos a falar da ausência de democracia na Câmara, desde a composição da mesa da Assembleia Municipal, à não atribuição de pelouros até à existência de gabinete próprio para desenvolver a sua missão política. Gabinete já têm, tudo o resto está por cumprir. Poderá a CDU dizer que se não fizeram parte da coligação, logo não se justifica serem co-responsabilizados nas decisões. Temos de convir que esse posicionamento, pelo menos do meu ponto de vista, não colhe. São momentos diferentes. Completamente diferentes. Aceito que não tivessem querido conjugar esforços, todavia, uma vez eleitos, estando em causa a cidade, parece-me óbvio que este afastamento não será bem visto pela população.
Poder-se-á dizer que tanto se serve a cidade fazendo parte da equipa de governo municipal, como na oposição. É verdade, mas face a tantos problemas por resolver, estar na margem da decisão é sempre diferente do que se encontrar no núcleo da decisão. Por maior que seja a abertura ao nível do diálogo negociador. Mas há também uma outra questão, a de não querer pertencer a uma equipa apoiada por seis partidos, da esquerda à direita política. E qual é o problema, pergunto, quando todos os eleitos não têm filiação partidária? E qual é o problema de todos terem convicções, se não colocam em causa o essencial, servir a cidade de acordo com um programa sufragado pela maioria da população? E qual é o problema se todos os partidos, apoiantes da candidatura, deram por finda a sua missão no dia 29 de Setembro?
O meu posicionamento político-partidário, julgo não haver dúvidas, é claramente à esquerda, mas não sinto qualquer incómodo em ver uma equipa de independentes, diversificada, apoiada por um leque variado de partidos, a liderar a Câmara do Funchal. Ou teria sido melhor isto ter ficado nas mãos do PSD? Não me interessa saber as posições partidárias e ou convicções deste ou daquele, pois dou mais valor às pessoas e ao programa. A CDU só ganharia com a integração. As bandeiras tradicionais da CDU, onde emerge, entre muitas, o combate à degradação social (tiro o chapéu à sua luta), podiam ali ser alimentadas e defendidas, através do conhecimento e da sua participação. Ficaram de fora, perdeu a cidade. Oxalá saibam negociar ao longo do mandato.
Entretanto, ontem, assisti a uma entrevista do Dr. Paulo Cafôfo, na RTP-Madeira. Serenidade, segurança, confiança e determinação pautaram a entrevista. Foi uma lufada de ar fresco para a cidade e para a democracia. Senti uma enorme emoção e, permitam-me que confesse, uma certa comoção. A páginas tantas dei comigo a pensar em quantas pessoas da nossa sociedade, ao longo de tantos anos, foram esmagadas, secundarizadas, ignoradas, ofendidas, quando tanto poderiam ter dado à nossa cidade! Quantas e em todos os sectores e áreas de actividade!
Chegou o dia. Oxalá que daqui a quatro anos estejamos a celebrar que valeu a pena a MUDANÇA. De nada valerá, aos mesmos de sempre, tentarem boicotar as dinâmicas desta equipa por razões mesquinhas e político-partidárias. Serão visados pelo Povo que, se a 29 de Setembro foi soberano, nos próximos actos eleitorais será implacável. Lembrem-se que tudo tem o seu tempo e que alguns já tiveram o seu. Que o próximo dia 21 de Outubro, dia da tomada de posse, conforme pediu o Presidente eleito, "seja um dia de festa".
Ilustração: Google Imagens.
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