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sábado, 26 de outubro de 2013

O CASINO


Vivemos num país transformado em um casino ilegal, de jogo escondido e de máquinas viciadas, que há muito promete, em enorme tabuleta, que, amanhã, todos serão felizes. Todos os dias os jogadores confrontam-se com a palavra “amanhã”, enquanto as máquinas montadas pela colossal máfia pertença de muitos padrinhos, continuam a extorquir, a espalhar a miséria e a matar sem tiros. Eles sabem como manter o sonho, a ilusão, num espaço de fumos múltiplos que impedem ver e perceber as artimanhas dos donos deste casino a céu aberto.


Nunca a canção de Abril “Os Vampiros”, de Zeca Afonso, esteve tão bem enquadrada com o momento que vivemos. De facto, “eles comem tudo”, de uma forma agressiva, despudorada e insensível. Enganam e jogam com a mentira, repetem o discurso até à exaustão, mantêm uma frente avançada de pressão ao Tribunal fiscalizador do grande casino e alimentam a propaganda que tenta prevalecera ideia que “amanhã”, sempre amanhã, chegará o momento da máquina devolver o dinheiro que engoliu. Obedientes a uma corja de bandoleiros, obcecam e vidram fazedores de opinião, viciando-os e convencendo-os que aquela é a máquina da sorte, mesmo que assistam à falência das famílias, da sociedade e do país.
Padrinhos demoníacos que já provaram resistir a qualquer exorcismo se, qual metáfora, considerarmos as insistentes vozes em tantas pontes que apelam à expulsão do espírito maligno e pelo encerramento do jogo que consome e devora os portugueses.
Os donos têm a Europa nas mãos. Colocaram-na a saque na ausência de referências de qualidade. Onde era suposto haver estadistas, transformaram-nos em novos padrinhos da monumental correia de transmissão. Os íntegros, os de olhar humanista não centrado no salve-se quem puder, têm as tribunas da palavra quase inacessíveis.Paulatinamente, abriram espaço aos políticos de vão de escada, aos ventríloquos, aos que ocupam lugares sem a mínima preparação. É vê-los nos governos, nos grupos parlamentares e na comunicação social a defenderem o indefensável, muitos com um ar imberbe, quando à vista de todos está o jogo das cadeiras e dos interesses, não venha uma dada circunstância ser mal interpretada pelos padrinhos do sistema e passarem a peças a “abater”.
Estou farto desta gente superficial que não se importa de fazer trabalho sujo, gente que entrega a soberania nacional a representantes de outros casinos. A causa da dívida,imposta como sendo de todos os jogadores, tem origem em outros casinos, não é apenas consequência de há muito integrarmos a roleta russa europeia. Há razões para sair do casino e depressa, vedar o acesso a qualquer “troikiano” e punir quem ilude com esse “amanhã” de felicidade, quando a fome de tudo é prato do dia.
Ilustração: Google Imagens.
NOTA: Artigo de opinião, da minha autoria, publicado na edição de hoje do DN-Madeira. 

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