Parece-me evidente que a solução para a Madeira não passa por compadres zangados, ideologicamente iguais, com uma matriz bem definida através de trinta e tal anos de comportamentos submissos ao livrinho laranja. A solução tem de surgir de fora. Compete à oposição marcar a agenda, abrir-se à sociedade, definir uma estratégia e apresentar-se com um conjunto de pessoas credíveis nos planos político, técnico e social. Os que conduziram a esta situação não são portadores de soluções. Nem coligados!
Miguel de Sousa despachou, literalmente, Jardim e Miguel Albuquerque deu-lhe até “a lancha encostar”: “(...) O JM continua a mandar bocas cabotinas contra a minha pessoa e aos outros candidatos à liderança do PSD/M que não alinham pela ópera bufa oficiosa” (...). Pelo meio a denúncia de secretários que pressionam funcionários a alinharem com este ou aquele candidato. Ora, a ideia que fica é que o “chefe”, no seu “Centro de Dia”, como definiu o jornalista Luís Calisto, continua a não governar, ao utilizar todos os momentos que deveriam ser de trabalho, para jogar uns contra os outros. Miguel de Sousa rematou com desassombro: “(...) Lamento este arrastar minguante do chefe (…) Os seus bonecos “Boca Pequena” são da mais gratuita “baixeza” política, num vale tudo desprezível e abominável. Espero que não me leve a revelar episódios deste ano, pelos quais encomendou me garantirem que seria presidente da Assembleia se não me candidatasse. (…) Não quero ser o que já me propôs. (…) E era bom ficarmos por aqui. Porque não tenho medo. E não me calo”.
O que isto significa, numa altura de constrangimentos económicos, financeiros e sociais, onde necessário se torna governar, é que não existe governo, subsistem, apenas, pessoas numa desenfreada luta pelo poder, negando e desvinculando-se do passado. Cada um com as suas razões, com as suas fileiras de apoiantes, mas todos a quererem sobreviver na selva que criaram ou têm sérias responsabilidades. Trinta anos não são trinta dias! E não é porque as suas propostas não sejam tiros no alvo. Genericamente, são! O problema é que tais propostas não são inovadoras. São velhas e repetidamente apresentadas pela oposição, através da denúncia e da elaboração de projectos de decreto legislativo regional ou projectos de resolução. Não há nada de novo. No sector mais sensível, o da Economia e Finanças, pergunto, alguém já se esqueceu do que foi a luta do Deputado Carlos Pereira (PS), desde 2007, para denunciar a dívida da Região (6.3 mil milhões de euros) e o que isso significava, enquanto erros do passado, até às consequências no curto até ao longo prazo? Alguém já se esqueceu do livro “Jardim, a grande fraude” que passou em revista toda a complexa teia de interesses e de perseguições? Portanto, não existindo nada de novo, o que se assiste é a uma luta pela sobrevivência política.
Parece-me evidente que a solução para a Madeira não passa por compadres zangados, ideologicamente iguais, com uma matriz bem definida através de trinta e tal anos de comportamentos submissos ao livrinho laranja. A solução tem de surgir de fora. Compete à oposição marcar a agenda, abrir-se à sociedade, definir uma estratégia e apresentar-se com um conjunto de pessoas credíveis nos planos político, técnico e social. Os que conduziram a esta situação não são portadores de soluções. Nem coligados!
Ilustração: Google Imagens.
NOTA
Artigo de opinião, da minha autoria, publicado na edição de hoje do DN-Madeira.
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