"Esqueçam que existi. Deixem-me em paz" - Alberto João Jardim. Complementa o DN-Madeira: "Este é o retrato da sua desilusão. Será que consegue imaginar a dos outros, a dos que não deixou em paz?". A questão é, exactamente, essa. Vejo a fotografia da herdade com um painel que assume: "39 anos, 47 vitórias". Pergunto, de que valeram, quando elas foram construídas no meio do quero, posso e mando, da ofensa e de uma forma reles de governar porque baseada em contornos autocráticos? De que valeram, quando a população está pobre, cada vez mais assimétrica e dependente? De que valeram quando o povo foi atraiçoado através de um discurso politicamente violento, de constante presença de um inimigo externo para salvaguarda da sua imagem, quando toda essa omnipresença traduziu-se numa dívida pública que dificilmente será paga, apesar de uma terrível austeridade? De que valeram quando se sentiu o "único importante" desta terra, espezinhou políticos e pessoas de ciência, utilizou meios ilegítimos para a sua propaganda (Jornal da Madeira, por exemplo), quando se marimbou e ofendeu a Assembleia Legislativa enquanto primeiro órgão de governo próprio? De que valeram essas vitórias eleitorais quando toda a sociedade foi subtilmente capturada através de um apertado controlo de quase todo o associativismo?
Ah, inaugurou muito! Pois, se não o tivesse feito, com tanto dinheiro disponível, o problema não seria político, mas de polícia. E, ainda assim, está em curso (tarda a conclusão) o processo "Cuba Livre".
A questão que há muito se coloca é a de saber, com outros actores políticos e com uma democracia respeitada, se não teria sido feito mais e melhor, de forma socialmente justa, estável e sustentável. A questão é essa que só agora muitos começam a perceber. De que valeram essas 47 vitórias se hoje o partido que ainda lidera está completamente estilhaçado, pois poucos o respeitam?
Ora, ninguém vai esquecer-se que existiu, porque a memória das pessoas vai ditar que jamais a Madeira poderá correr o risco de permitir políticos do tipo "duracel", daqueles que não dormem a pensar na próxima jogada.
Por isso, politicamente, pode ficar com uma certeza, é que ninguém, mesmo com toda a benevolência e tolerância, do ponto de vista político, não o vão deixar em paz. Tal como não deixou tantos outros, na Madeira e no País.
Ilustração: Google Imagens.
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