A consequência natural deste mecanismo de “culpabilização da divergência” em nome duma unidade de fachada, artificial e artificiosa, faz com que se torne penoso o exercício da cidadania dentro dum partido. Muitos optam por sair, desiludidos e desgastados, outros mudam de partido (nunca mais se livrando de epítetos como “vira-casacas e ressabiados”), outros ainda rendem-se à evidência e remetem-se ao silêncio (aguardando serenamente que a “tigela de sopa” lhes chegue à frente), outros ainda persistem até à exaustão e ganham o duvidoso estatuto de mártires…
Deixo aqui, para reflexão, algumas passagens de um artigo de opinião assinado por Raul Ribeiro, na edição de hoje do DN-Madeira.

Além disso, quando se ganha há mérito do topo, desse “topo” difuso onde cabem alguns dirigentes, familiares e amiguinhos (as) q.b., tudo gente ordeira, cordata e unida em torno dum ideal comum (leia-se “manter o poleiro”); nas derrotas a culpa é sempre alheia – os maus da fita não são os eleitores que alteraram o seu sentido de voto, não são as outras forças partidárias que apresentaram melhores argumentos, não são as tais cúpulas que persistiram num caminho errado, não…os inimigos dilectos são as temidas “oposições internas”! Esta perversão de conceitos permite transformar em vilões e “personas non gratas” os (ainda) militantes e dirigentes que ousam ter opinião própria (oh heresia!), têm o desplante de exprimi-la (oh infâmia!!), e para cúmulo ainda a difundem nas redes sociais ou através doutros veículos, como a imprensa (oh martírio, oh inclemência!!!).
Ilustração: Google Imagens.
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