Estranho a posição do PS-Madeira relativamente ao convite do CDS-PP, o qual consubstancia a ideia dos dois partidos poderem ser o centro de uma coligação abrangente. Alguém foi logo buscar ao armário historietas passadas para justificar o adiamento de um claro sim ao início das conversações. Podia, até, as vozes vindas da sede socialista, após manifestar interesse, referir que esse acordo já poderia ter sido implementado, por exemplo, nas autárquicas, como um "recadinho" político. Porém, agarrar-se ao passado, neste momento não conduz a sítio algum. A política funciona, também, como a arte da solução do aqui e agora. Não se compadece de histórias ou de incompreensões passadas, porque os eleitores não as percepcionam. Eles querem contributos sérios e viáveis para a solução dos seus problemas para que possam depositar o voto de confiança. É evidente que percebo, politicamente, esta atitude de fazer retardar as negociações. O PS sempre foi o maior partido da oposição, enquanto o CDS, só nas últimas legislativas regionais, por força da queda do PS na República, obteve mais mandatos do que os socialistas da Madeira. Situação que, muito naturalmente, coloca os partidos, mormente o PS-Madeira, numa posição defensiva quanto à "liderança" do processo. Só que este aspecto, em minha opinião, é de menor importância e de entendimento fácil quando o que está em causa é o monstro criado pelo jardinismo e que arrasou a Madeira condenando-a à hipoteca da Autonomia por muitos anos.
Portanto, só existe uma saída possível: a do entendimento, deixando de lado alguns olhares enviesados ou desconfianças que de todo não são favoráveis à Madeira. E o PS-Madeira, neste aspecto, tem responsabilidades acrescidas pelo seu peso na sociedade que elege os deputados. E mais. Erro foi aquele perpetrado em S. Vicente, nas últimas autárquicas, quando decidiram oferecer todo o apoio a um grupo de "independentes", historicamente ligados ao PSD, sem ter cuidado da sua posição eleitoral no concelho. Entregaram, de bandeja, todas as posições do governo autárquico, quando se sabe que, tarde ou cedo, essas figuras retornarão ao PSD, ficando o PS desprovido de uma posição política forte no concelho. Aqui, o problema é outro, não é autárquico, é de governação global da Região, depois de quase quarenta anos monocolores. Aqui, rapidamente, devem os partidos sentar-se à mesa, gerar as possibilidades de uma coligação o mais abrangente possível que acabe com este jardinismo absolutamente doentio e que levou a Madeira à bancarrota. O momento é de bom senso, de busca de uma figura consensual, de uma equipa de qualidade e de um programa que vá ao encontro de uma Madeira próspera. O momento não é de egoísmos patéticos, de fechar-se na sua capelinha ignorando o que o povo exige.
Ilustração: Google Imagens.
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