Com ironia sublinho que estranhei, desta vez, que os dois presidentes do Marítimo e do Nacional não tivessem sido convidados para a efeméride. Prevaleu o bom senso da direcção da Escola Básica e Secundária Bispo D. Manuel Ferreira Cabral, ao contrário do que aconteceu em idêntica cerimónia na Escola Francisco Franco. Completamente a despropósito, fosse porque motivo fosse, fosse qual fosse a justificação, considero ininteligível uma escola convidar dois presidentes de clubes do futebol profissional da Madeira para o aniversário de uma escola. Naquele dia onde se celebra mais um ano da instituição, todas as iniciativas devem estar voltadas para a comunidade escolar. Trata-se de um dia especial, durante o qual a cerimónia solene tem de assumir uma qualidade irrepreensível, ao nível da intervenção, através de uma oração de sapiência. É o dia de distinguir professores, alunos, funcionários, pais e colaboradores. Nunca "o dia" do futebol profissional!
Entretanto, em Santana, o secretário Jaime Freitas lá foi para nada dizer, ou melhor, dizer coisas que só ele sabe o significado e intenção. Por exemplo: "(...) a escola enquanto organização pensante, tem que se pensar e projectar-se a si própria, e tem que pensar que novas respostas e novas funções pode assumir na comunidade onde se insere". Sinceramente, não entendo o que ele quer dizer com isto, quando toda a liberdade está coarctada, a iniciativa diminuída e o "Regime de Autonomia, Gestão e Administração" é hoje uma caricatura. A Escola sobre a qual tem responsabilidades regionais, não dispõe de meios, está bloqueada por uma infernal papelada burocrática que não permite que alguém pense. Há estudos que provam que mais de 90% do tempo dos gestores de uma escola destina-se a resolver o imediato, o tido como urgente, as reuniões obrigatórias, ficando uma percentagem mínima para pensar o futuro. E veio o secretário falar de uma escola "pensante". Só pode estar a brincar, a dizer generalidades ou, pura e simplesmente não sabe o que está a proferir. Basta ter presente uma das suas declarações: "(...) o alargamento dos seus públicos, a procura de novas respostas, é também um desafio que se põe às escolas dos nossos dias". Diz isto da boca para fora como se as direcções executivas tivessem alguma margem de manobra, inclusive, financeira, para entrar em domínios que lhes estão vedados por múltiplas razões. E ele sabe que é assim, porque até fugindo-lhe a língua para a verdade, complementou: "(...) o desafio colocado às escolas não é "alargar por alargar, mas um alargar criterioso". Isto é, não alarguem muito, vão ali até à esquina e regressem, façam alguma coisita, mas cuidado, lembrem-se que não temos orçamento, lembrem-se que devemos milhões aos fornecedores e lembrem-se que outros milhões são para entregar àqueles senhores do futebol profissional que estiveram na Francisco Franco! E por aqui fico. Já não há paciência.
Ilustração: Google Imagens.
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