Está a decorrer uma recolha de alimentos para o Banco Alimentar Contra a Fome. Iniciativa sempre meritória, de grande alcance social, sempre comovente porque aí tomamos consciência da situação dos outros. Recolha face à qual os portugueses sempre deram sinais de significativa solidariedade. Mas o governo, aquele governo a quem competia o desenvolvimento de políticas visando o emprego e, por aí, o esbatimento da pobreza, aproveita-se destes gestos de solidariedade para encher, de forma suplementar os cofres através do IVA aplicado sobre os produtos. Isto é, adquirimos com a finalidade solidária e pagamos um imposto sobre esse gesto de humanidade. É três em um: ganha o cofre do País, ganha o vendedor e de passagem atenua-se a fome. Revoltante.
E existem formas de resolver esta situação. Hoje tudo funciona por códigos e por facturação obrigatória. Entre outras soluções possíveis, bastaria, no acto de pagamento, solicitar facturas separadas, bloquear os sacos e recolhê-los junto às caixas de pagamento, evitando, assim, qualquer atitude menos séria. O controlo entre as receitas do vendedor, o IVA não cobrado e a Autoridade Tributária, essa é outra matéria que os sistemas informáticos e de cruzamento de dados certamente resolveriam. O que não me parece correcto e decente é que o cidadão pague IVA sobre a solidariedade que faz.
Apesar desta pouca-vergonha continuemos a "alimentar esta ideia". São milhares que precisam da nossa solidariedade.
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário