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sábado, 9 de maio de 2015

GOVERNANTES QUE NÃO RESISTEM A UM MICROFONE


Começo a formar a opinião que estamos em presença de um governo regional politicamente amador. Espero estar enganado porque a Madeira precisa de rápidas soluções para os graves problemas que enfrenta. Porém, algumas, poucas, decisões assumidas nestas primeiras semanas de governo não prognosticam consistência política naquilo que é essencial: o “ataque” que inspire confiança aos problemas mais prementes da sociedade. Dirão, alguns, que se aguarde pelo "Programa de Governo" e respectivo debate na Assembleia. Pois, é verdade, que esse é um primeiro e importante teste, todavia, confrontamo-nos com algumas declarações e sobretudo atitudes que deixam transparecer o que designo por amadorismo político.


O povo não quer saber se a Quinta Vigia tem um cão, se foi pintada de fresco e se os quadros foram mudados. A população reclama, sim, desde o primeiro momento, atitudes políticas e não lamentáveis histórias de quem fica aqui e ali, porque os secretários x e y não gosta da instalação a ou b. Até parece que os anteriores governantes governavam no corredor! Aliás, deveria ser sensível, sem qualquer miserabilismo, algum recato porque tais comportamentos podem evidenciar que, primeiro eles e depois os governados. Recato, também, e sobretudo bom senso, numa altura de acrescidas dificuldades, quanto a nomeações de colaboradores e amigos. E se, por aí, deveriam os madeirenses estar a assistir a atitudes ponderadas e de grande rigor, a outro nível, o da intervenção política propriamente dita, as primeiras decisões ou declarações são, simultaneamente, amadoras e arrepiantes: um nomeia uma comissão para verificar se se justifica um novo hospital, quando isso está assumido desde 2001, certamente, baseado em estudos; outra, assume que vai mandar estudar o fenómeno da pobreza, o que conduz a algumas perguntas: durante 40 anos os governos maioritários do PSD não realizaram qualquer estudo? Desconhece que existe mais de 100 instituições de solidariedade social? Que o Banco Alimentar cobre 11.000 madeirenses? Que as bolsas de pobreza estão identificadas nas suas causas maiores?; outro, depois de uma campanha justa contra o Jornal da Madeira, vem agora prolongar a agonia mantendo € 11.000,00 por dia para esse órgão de comunicação social; outro, ainda, dispara: “não vamos fazer esforços para manter escolas abertas se não têm alunos (...)". É óbvio. Porém o problema não é esse. A questão central é a de saber que políticas integradas e devidamente articuladas vão ser desenvolvidas para que a confiança regresse e a natalidade dispare. O mesmo se poderá dizer dos Assuntos Sociais, isto é, não é através de mais um estudo sobre a pobreza que se resolve tal drama. Resolve-se com medidas políticas económicas no sentido da empregabilidade estável a par de consistentes políticas de família. O mesmo se poderá dizer da Saúde, onde preferível seria, neste momento, estar já a discutir a viabilidade financeira do projecto, através de contactos a outros níveis.
Estes são alguns factos.retirados da comunicação social, que gostaria de não estar a assistir. É amadorismo a mais. Aliás, um governante não é obrigado a falar sempre que lhe colocam um microfone à frente. Ainda para mais quando a inexperiência política e governativa são sensíveis. Só que o microfone continua a ser irresistível.
Ilustração: Google Imagens.

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