Imagino o sufoco que paira no serviço de saúde da Região, partindo do provérbio "casa onde não há pão, todos brigam (ou ralham) e ninguém tem razão". Imagino como não se sentirão os responsáveis por um sistema com milhares de trabalhadores, mas também com milhares em "listas de espera. Imagino a angústia de querer um fármaco ou de qualquer outra necessidade e não dispor em tempo real. Imagino os que têm responsabilidades, face a uma montanha de facturas alinhadas para um pagamento, mas olhando para um cofre vazio. É desesperante, obviamente. Compreendo. É o que se passa em outros sectores, embora com outros tipos de silêncio e de complexidade.
O que para mim é má política, face a este contexto de sensível degradação do sistema de saúde, é o sistema, ao contrário de se abrir, embora com filtros honestos, que se fale da existência de uma "imagem erroneamente distribuída (...) com interesses estranhos à organização" e que, sendo assim, "o ruído estranho a esta organização será permanentemente ignorado". Ora bem, a imagem pública que existe, até estatisticamente fundamentada, é que o sistema, consequência de uma acumulação de erros durante anos, de posições de quero, posso e mando, de sistemáticos avanços e recuos, gerou essa imagem de insatisfação generalizada. Interna e externa. E sendo assim, na existência de factos e de constantes turbulências, "os ruídos" não podem ser "permanentemente ignorados". Pelo contrário, sublinham.até, os "gurus" da gestão, sejam quais forem os desconfortos, até pela história de todo o processo, os ruídos, leia-se outras posições, devem ser inteligentemente geridos. O isolamento, a lógica das decisões unilaterais, seguida durante quarenta anos, só agravarão um certo estado de caos instalado. Apenas o diálogo e a concertação são susceptíveis de proporcionar a ultrapassagem dos complexos dilemas gestionários e administrativos. O exercício da democracia é difícil, mas é o melhor dos caminhos.
Ilustração: Google Imagens.
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