Reivindicar os direitos da Madeira e os deveres da República é uma coisa; gerar o conflito político sem negociação, é outra. Copiar o formato jardinista é uma coisa de triste memória; inovar e "renovar" o relacionamento consistente mas comedido com a República, é outra. A não ser que a aprendizagem não tenha surtido efeito e que o objectivo seja revisitar os comportamentos do passado. O que é muito mau.
Facto
Declaração do secretário regional da Economia, Turismo e Cultura:
"Nem antes, nem até agora, houve preocupação do governo da República em relação à Madeira".
Comentário
Obviamente que todos os governos anteriores, todos, podem ser visados por desatenções e pouca celeridade na solução dos dossiês. É natural, porque somos, ainda, um país de enorme peso administrativo. Porém, aquela declaração, no mínimo, é infeliz. Se a Autonomia não é aquela que deveria ser, a quem se deve? Quem a hipotecou? Independentemente disso, o que dizer, por exemplo, dos variadíssimos programas nacionais que sustentaram a propaganda política da tal "Madeira Nova" ou da "Madeira Contemporânea"? O que dizer dos sistemáticos anúncios de estímulos à economia, na ordem dos milhões, ignorando, por aqui, intencionalmente, a sua proveniência? O que dizer dos apoios no quadro social, em que o Estado não faz mais que o seu dever? O que dizer dos programas de habitação social? Por aí fora...
Aliás, em última instância, basta passar os olhos pelo Orçamento Regional para concluir sobre o pouco cuidado político daquela declaração. De resto, a Região da Madeira não ganha nada com esta forma de actuação, eu diria, de provocação. Reivindicar os direitos da Madeira e os deveres da República é uma coisa; gerar o conflito político sem negociação, é outra. Copiar o formato jardinista é uma coisa de triste memória; inovar e "renovar" o relacionamento consistente mas comedido com a República, é outra. A não ser que a aprendizagem não tenha surtido efeito e que o objectivo seja revisitar os comportamentos do passado. O que é muito mau.
Ilustração: Google Imagens.
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