A tensão no Mundo é preocupante. Vivem-se momentos muito complexos, tempos de conflito, de bombas que caem e de povos em fuga, tempos de violência gratuita a todos os níveis, terror e morte, tempos de poderosíssimos arsenais de guerra, de luta pela conquista de posições geoestratégicas de intenção dominadora, paradoxalmente, incapazes de aniquilar um vírus invisível, tempos de corrupção, desigualdade e escravização de quem trabalha, tempos ganância e permanente mentira, tempos de falência da fraternidade entre os povos e da irmandade entre as nações, tempos de governos impreparados para a nobre tarefa humanizadora do Homem, tempos de ostentação de uns e de miséria para a esmagadora maioria, (entre 2017 e 2018, surgiu um novo bilionário a cada dois dias. Vinte e seis pessoas possuem a mesma riqueza dos 3,8 mil milhões que compõem a metade mais pobre da humanidade (...) e os 10% mais pobres teriam que trabalhar três séculos para ganhar o mesmo que os 10% mais ricos num ano - OIT"), tempos de directórios que reúnem e esmagam com as suas políticas, que acrescentam dividendos e distribuem migalhas, tempos de ditadura do dinheiro que globaliza a pobreza, tempos de descabelados discursos onde a estimativa de morte de 100 ou 200.000 seres humanos, parece ser equivalente a 100 ou 200 dólares na carteira dos negócios, tempos de populismos e de nacionalismos sem sentido, tempos de esquecimento que "só há liberdade a sério quando houver... a paz, o pão, habitação, saúde, educação" (Sérgio Godinho), tempos de agressões ambientais premonitórias de assustadoras pandemias, tempos de confinamento global, de templos vazios e de um Cristo, na gruta, aparentemente só, porque a Sua Mensagem não é escutada (ver fotografia).
Cada um de nós poderia acrescentar muitas outras palavras caracterizadoras desta enorme opressão, depressão e angústia na qual mergulhámos, onde sobretudo os mais vulneráveis sofrem e morrem. Hoje, como corolário, enfrentamos o medo e o pavor. E estou em crer, oxalá esteja enganado, que esta procissão ainda anda pelo adro! Os senhores do Mundo conhecem bem o seu negócio, são maquiavelicamente pacientes, daí que de nada valerá gritarmos que estão a construir a arma da autodestruição. Nunca a expressão andrógina de Edvard Munch - O Grito) teve tamanho significado.
Este é, portanto, um tempo de reflexão sobre o significado da VIDA, o que implica muitos e diversos questionamentos. E assim sendo, do palco da nossa pequenez, que a Páscoa seja, para todos, mais uma tentativa de LIBERTAÇÃO. E que os políticos tenham presente que "A boa política está ao serviço da paz" - Papa Francisco. Já que dele falo, pensem "que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?", síntese da interrogação que constitui o âmago da Laudato si", da Encíclica ecológica do Papa.
Desejo-vos uma Feliz Páscoa, com reflexão e partilha.
Nota
Texto elaborado em função de outros já publicados nesta quadra.
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Texto elaborado em função de outros já publicados nesta quadra.
Ilustração: Arquivo próprio.
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