Encolho os ombros ao valor porque lá diz a sabedoria popular que "palavras leva-as o vento". Estão em causa € 18.450,00 + IVA e todo o dinheiro que está em causa é público e, portanto, são os impostos que suportam. Mas, enfim... repito, encolho os ombros porque sei o que a casa costuma gastar! Porém, paradoxalmente, revolto-me porque é o princípio que está em causa. E esse princípio tem uma designação: prioridade estrutural.
Sem delongas, o governo regional, através da vice-presidência, assumiu um "contrato de aluguer de espaços de estacionamento para veículos da Quinta Vigia". O contrato, segundo o Dnotícias, realizado com a Sociedade Promotora e Gestora do Hotel Savoy Palace, prolongar-se-á até 2022 e tem como contrapartida entre 10 e 20 lugares.
Ora bem, ainda ontem escutei, na RTP-M, a presidente, na Madeira, do Banco Alimentar Contra a Fome, preocupada com o aumento de pedidos (216) desde meados de Março, quando a pandemia obrigou a novos constrangimentos. Isto significa que muitas famílias estão em desespero, não apenas aquelas que fazem parte dos dados da estatística oficial da pobreza (31%), mas os outros que caíram nesse aflitivo pântano. É, por isso, que me refiro a um dos princípios basilares do desenvolvimento: o da prioridade estrutural. No caso em apreço, porque a fome não pode esperar por amanhã.
Finalmente, "não basta ser, tem de parecer", adaptado a esta situação, vem do tempo do Imperador Romano Júlio César. E por que digo isto? Pois, para além daquele aluguer não ser prioritário, convinha que os governantes tivessem consciência da necessidade de uma rigorosa e transparente separação entre o verdadeiro interesse público e para quem ontem se trabalhou. Tudo é legal, não tenho a menor sombra de dúvida relativamente ao contrato, mas...
Ilustração: Google Imagens.
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