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quarta-feira, 22 de julho de 2009

OS "MARGINAIS DA AUTONOMIA"

Não venho mais vezes à Assembleia Legislativa para debater os assuntos, disse o Presidente do Governo Regional, porque "não sou sopeira do Partido Comunista" e aqueles que faltaram ao debate de hoje são "marginais da Autonomia". Nem mais nem menos. É evidente que este tipo de argumentação não traz nada de novo, mas confirma o estado a que, na Madeira, a Democracia chegou! Na Assembleia da República o Primeiro-Ministro debate, de quinze em quinze dias, sectorialmente, os dossiês da governação; os Ministros e Secretários de Estado são chamados a esclarecer e, de pronto, lá estão sentados; por aqui a ausência é justificada daquela maneira. Será que o presidente do governo, neste pressuposto, também é um marginal da Autonomia? Nem dá conta do que diz.
Falo por mim. Sou um autonomista de convicção profunda mas não sou pateta. Até na minha vida pessoal sempre fui autónomo e respeitei a autonomia dos outros, próximos ou não, até como necessidade emocional de boa comunicação. Nunca me subordinei a obediências cegas e a concordâncias abstrusas, pois sempre entendi que a autonomia constitui uma condição básica para conviver e resolver as mais diversas situações. Como sublinha o Professor Holgonsi Soares "(...) somente um indivíduo autónomo terá sucesso nas esferas económica, psicológica, sócio-cultural e/ou política, pois é um indivíduo que interroga, reflecte e delibera com liberdade e responsabilidade" ou, como diz Cornelius Castoriádis, "é capaz de uma actividade reflectida própria" e não de uma actividade que foi pensada por outro sem a sua participação. Ora se assim penso e actuo, obviamente, por extensão, também entendo que a Autonomia Política e Administrativa Regional é um pressuposto de base para construir o futuro. "Marginal da Política" não, obrigado!
Não participei porque analisada a situação e os objectivos que subjazem concluí que, neste caso, o que existe é coacção psicológica sobre o eleitorado, retórica e demagogia. E nisso não alinho. Como não alinhei no jantar de boas-vindas ao Senhor Presidente da República porque, em primeiro lugar, entendi que estava o dever político de uma sessão parlamentar e, só depois, o momento da confraternização; como não alinhei na sessão solene do dia 01 de Julho passado porque entendi que todos os partidos deveriam ter voz naquela sessão comemorativa da Autonomia. São princípios face aos quais não abdico. Porém, para o presidente do PSD-M e presidente do governo quem assim se comporta é "marginal". Como diz o povo, "é para o lado que durmo melhor". Mas não deixa de ser triste verificar o ponto a que tudo isto chegou.
Segue-se, agora, o Chão da Lagoa e, depois, o areal do Porto Santo com sessões contínuas no tal Bar do Henrique. Mais dois meses de Constituição e, certamente, de ofensas aos "marginais".

3 comentários:

Fajã da Ovelha disse...

"Meu Deus ao que isto chegou!"
Está tudo dito. A Democracia bateu no fundo e o culpado tem nome: AJJ.

António José Trancoso disse...

Caro André Escórcio

Consta-me que,em tempos,houve um antigo professor do Liceu (actual e democratiamente, Escola Secundária de Jaime Moniz)que pela sua configuração física foi,gaiatamente,alcunhado de "Porco em pé".
Não o conheci como docente, mas,segundo me disseram,era um Senhor,um Gentleman.
Infelizmente, na classe política, há quem,sendo o que é,nem em pé,nem sentado ou deitado,deixará de ser quem é.
Um abraço.

Pica-Miolos II disse...

Não posso crer!!!

A pessoa que denomina os seus adversários políticos de "marginais da Autonomia" é a mesma que,no tempo da ditadura salazarista(de má e repugnante memória)tecia loas, nos seus públicos escritos,ao estrangulamento autonómico?!
É preciso ter muita lata!
E o povo, ainda come disto?!
Só visto,porque contado,ninguém acredita!