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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

AVALIAR AS BOAS PRÁTICAS

O grande "garrote" que é sensível nesta Região é o de política educativa.
Acabo de produzir uma intervenção no quadro de uma proposta apresentada pelo PCP visando a "Constituição de uma Comissão Eventual para o acompanhamento das boas práticas educativas de promoção do êxito escolar".
Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados,
Esta proposta está condenada a não ter aceitação por parte da maioria parlamentar. Outras bem mais importantes levaram o mesmo caminho. Obviamente que esta proposta não constituirá a excepção. E dizemos isto porque nos parece por demais evidente que o governo e a maioria nesta Assembleia não tem dado sinais de querer discutir a educação. Tampouco quando estão confrontados com indicadores muito preocupantes, como foram aqueles divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística. Desde há muito que a teimosia impera, que o diálogo não acontece e aqui pergunto ao PCP: como avaliar e divulgar as boas práticas nas Escolas, quando, aqui, na Assembleia, as boas práticas não são tidas em conta?
Senhora Deputada Isabel Cardoso,
Como sabe, porque tem uma vida dedicada à Educação, este é um sector demasiado sério, complexo e face à situação que a Região chegou, precisa que esta Assembleia se converta numa grande mesa de diálogo, de negociação, de estudo, de compaginação de visões diferentes que se conjuguem num único sentido, isto é, o da solução dos graves problemas que estamos a enfrentar na educação, no desporto, na cultura e na ciência.
Seria de bom senso que todas as bancadas desta Assembleia assumissem a necessidade de um pacto educativo para o futuro, pois isso evitaria todas as tentações na produção de legislação avulsa, de propostas condenadas ao chumbo, de tempo perdido em troca de opiniões que não adiantam nem atrasam este comboio da educação.
E esse pacto deve emergir da bancada do PSD, através de uma atitude de humildade política, de sensibilidade para a leitura dos vários indicadores que não prognosticam um bom futuro. Pelo contrário, Senhores Deputados, quem aposta nas mesmas estratégias não pode, no futuro, esperar resultados diferentes daqueles que hoje caracterizam a situação.
Ninguém no seu perfeito juízo pode ignorar, fazer de conta que nada está a acontecer, manter uma atitude política que não se filie no combate inteligente ao insucesso e ao abandono escolar. O futuro desta terra passa por aí, passa pela revisão das estratégias, passa pela reinvenção do sistema educativo, passa por cuidar da sociedade, concretamente, da pobreza e do desemprego que bloqueiam uma escola de sucesso.
Não ter em consideração esta necessidade de estabelecimento de um pacto educativo para o futuro, de convergência político-partidária, corresponderá, infelizmente, à manutenção dos baixos níveis de qualificação académica e profissional como demonstram os quadros da estatística.
Hoje, se olharmos para os 14.000 desempregados, damos conta que as qualificações constituem o principal óbice no emprego e, daí, o principal óbice ao desenvolvimento e ao bem-estar. É aí que a Região terá de actuar como prioridade absoluta, no sentido de novas gerações preparadas para os desafios do futuro.
É claro que há uma necessidade de tomar como exemplo as boas práticas. E elas existem, poucas, mas existem. Não foi por acaso que, quando apresentámos o nosso projecto de Decreto Legislativo Regional sobre o Estatuto da Carreira Docente, no artigo 18º “Deveres para com a escola e outros docentes”, incluímos na alínea e) o seguinte texto: “Partilhar com os outros docentes a informação, os recursos didácticos e os métodos pedagógicos, no sentido de difundir as boas práticas e de aconselhar aqueles que se encontrem em início de carreira ou em formação ou que denotem dificuldades no seu exercício profissional”.
Esta é uma questão importante, a difusão das boas práticas, mas antes disso temos de cuidar do sistema num sentido mais amplo, sob pena de continuarmos a laborar nas margens e não no âmago do problema.
Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados,
O maior garrote que é sensível nesta nossa Região é o da política educativa em compaginação com as políticas económico-financeiras e sociais. É na Educação que a Região tem de ganhar a batalha do futuro. E neste aspecto tenhamos a sensibilidade para perceber que o nosso atraso é estrutural. E assim sendo, a infecção profunda que corrói a sociedade não se resolve com a aplicação de pensos-rápidos, mas com um tratamento que debele a doença na raiz.
Esse pacto educativo para o futuro de que falamos afigura-se-nos determinante. É por isso que não falamos de políticas perdedoras e de políticas vencedoras. Falamos da necessidade de uma postura política humilde que possibilite que a Região, nos próximos dez anos, comece a evidenciar sinais que contrariem a actual realidade. Não nos peçam responsabilidades, pois elas estão do lado da maioria.
Ilustração: Google Imagens.

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