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quinta-feira, 9 de junho de 2011

DE SMOKING MAS DESCALÇOS...


Interessou-lhes o discurso de circunstância, os holofotes da comunicação social, as bancadas cheias de pessoas mobilizadas para o evento, a espetada e o vinho seco, não as consequências do investimento. Naquele como em outros casos de investimento tresloucado, valeu tudo, o interesse dos concursos públicos, a questão política, a questão partidária, a imagem do governo, os actos eleitorais, a festa, tudo valeu para alimentar o ego político de uns senhores. É pena, porque tudo funcionou no quadro de um regabofe despesista. Lamento.


O trabalho do Jornalista Miguel Torres Cunha, publicado na edição de hoje do DN-Madeira, sob o título "Madeira ignorou potencial térmico do Sol", onde dá conta que o aquecimento da água das piscinas a partir do Sol garantiria  uma poupança de 80% na factura do gás e gasóleo, constitui, apenas, a ponta do icebergue dos disparates que por aí foram e são cometidos, à sombra de uma militante ignorância altifalante, onde os especialistas não são escutados e tudo fica por um quadro de pretensas figuras iluminadas. A peça do Jornalista dá que pensar, quando os alertas são ignorados, quando tudo acaba por ficar nas decisões políticas de uns senhores(as) sem rosto conhecido. Todavia, dois, pelo menos, são conhecidos e têm acrescidas responsabilidades neste e em outros processos: o presidente do governo regional da Madeira e o secretário regional do equipamento social. Esses são, logo na primeira linha, os culpados da situação de desastre financeiro e ambiental que produziram. Interessou-lhes e continua a  interessar-lhes o acto eleitoral e não as contas ao day after da inauguração. Interessou-lhes o discurso de circunstância, os holofotes da comunicação social, as bancadas cheias de pessoas mobilizadas para o evento, a espetada e o vinho seco, não as consequências do investimento. Naquele como em outros casos de investimento tresloucado, valeu tudo, o interesse dos concursos públicos, a questão política, a questão partidária, a imagem do governo, os actos eleitorais, a festa, tudo valeu para alimentar o ego político de uns senhores. É pena, porque tudo funcionou no quadro de um regabofe despesista. Lamento. E lamento porque não foram só as piscinas a mais que foram construídas (o ex-secretário Dr. Francisco Santos, tinha razão, quando sugeriu "tanques de aprendizagem", pois há grelhas internacionais que defendem por cada três tanques, uma piscina de 25 metros), foram campos de futebol (só o concelho de Santa Cruz tem oito) e tantas e tantas infra-estruturas desportivas absolutamente desporpocionais às necessidades, ao rigor que deve imperar nas necessidades educativas, sociais e de lazer, no âmbito, até, da nossa capacidade financeira presente e futura. Foi um fartar vilanagem! E apesar de todas as iniciativas a taxa de participação nas práticas físicas e desportivas não conseguiu descolar dos pobres 23%, isto é, 77% da população da região, no intervalo 15-65 anos, continua sem dispor de uma cultura de acesso a qualquer tipo de prática regular. Mas, o União subiu de divisão e o Nacional actuará numa prova europeia. Problema resolvido!
E agora, como é? Com dívidas por pagar até ao céu da boca, cerca de seis mil milhões, com facturas que colocam as empresas com o credo na boca, com desemprego, com pobreza, com tantas e tantas prioridades por resolver de imediato, ah... com a "troika" à perna, exigente e cega, pergunto, como vão safar-se desta situação criada por incúria, falta de planeamento e irresponsabilidade política? Nem para o gás ou para o gasóleo têm folga orçamental... nem para pagar as dívidas aos fornecedores das escolas, onde muitos já são obrigados a levar de casa o papel higiénico. Será por culpa da Constituição da República, do Sócrates ou de qualquer outro inimigo externo?
Ilustração: Google Imagens. 

3 comentários:

Anónimo disse...

Foram dadas ordens para poupar energia em algumas piscinas e ao mesmo tempo temos o sr.Secretário do Equipamento Social ,juntamente com o Ú.I,a inaugurarem a piscina do Curral das Freiras....!!!

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Estou em crer que já ninguém controla nada e que tudo ou quase tudo está em roda livre. Uma situação altamente perigosa, porque despesista, quando o recurso dinheiro cada vez é mais escasso.

Espaço do João disse...

Que bela imagem nos dão quando se diz que Portugal é um dos maiores produtores de energia fotovoltaica.
Será que por esse motivo os interessados em produção à base do petróleo não estão vocacionados?
Creio que seria melhor montar um central nuclear ou então uma central a cascas de banana.
Devem estar a contar com dinheiro fresco, vindo da troika.