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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

APRESENTAÇÃO DE CUMPRIMENTOS TRANSFORMADOS EM MOMENTOS DE PROPAGANDA POLÍTICA


Nem a época natalícia escapa. Tudo serve para afirmar posições políticas, arrotar umas quantas frases que já cansam, porque facilmente se percebe onde os seus mentores querem chegar. Desta vez chocou-me este aproveitamento político sem nível. Uma cerimónia protocolar de Bom Natal, que deveria ser tudo menos de fingimento a roçar a hipocrisia, que deveria ser sincera, portanto, muito para além do quadro institucional, traduziu-se em uma repelente e desenquadrada propaganda política. Se o Natal é aquilo que li e ouvi, pois bem, pode o presidente do governo ir a todas as Missas do Parto, pode curvar-se junto do Bispo António Carrilho, pode dizer o que disse ao Representante da República ou pode, ainda, fazer aquele "espectáculo" na Assembleia Legislativa, que o Povo, aquele povo que sente e vive o Nascimento de Jesus e que segue a Sua Palavra, obviamente que o manda, como soe dizer-se, dar uma volta ao bilhar grande. 


Ora bem, o Senhor Representante da República pode ser um convicto social-democrata, pode ser militante ou simpatizante, pode ter uma especial consideração pelo ainda presidente do governo regional desde o tempo de estudante, mas  isso não lhe garante o direito institucional de assumir declarações deste tipo: "(...) Espero que não seja a última vez que nos encontramos numa cerimónia deste tipo, talvez já não como presidente do Governo Regional, mas estou convencido de que o futuro está à sua espera, em cenários diversos e estimulantes e espero que saiba abraçar esses desafios". O lugar institucional de Representante da República, assim creio, implica distanciamento político. Recebeu o falso livrinho político do deve e do haver dos 500 anos. Até nisto a propaganda funcionou ao mais alto nível das instituições políticas. Deveria também ler "Jardim, a Grande Fraude", sugiro. 
Por outro lado, o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, primeiro órgão de governo próprio, na frente de Jardim, afirmou: "(...) A minha primeira nacionalidade é madeirense e só depois portuguesa". Pode o presidente da Assembleia, no respeitável plano pessoal, defender a independência da Madeira ou o conceito de Estado Federado, não deve, no plano institucional, assumir uma declaração que, para além de ser um tiro de pólvora seca nacional, é sobretudo provocadora e motivadora de péssimas relações entre a Madeira e os Órgãos de Soberania. Recordou que o mundo vive "tempos de confusão", com muitos "ismos" que devem ser contrariados. "Tempos de germanismos, de egoísmos, de liberalismo, de oportunismos, de golpismos". Certo. Concordo. Faltou, apenas, juntar os tempos de jardinismo! O que Jardim fez pela Região "está à vista de quem quer ver" e "ninguém pode tirar", acentuou. Pois, ninguém pode tirar a dívida assustadora, as limitações de ordem democrática, a governamentalização da Assembleia, ninguém lhe pode tirar a obstinação por uma Região passada ao ferro uniformizador que esmagou a identidade própria e a diferença, uma Região que deveria ser um exemplo nacional e europeu a todos os níveis e que hoje é vista com desconfiança e, por isso mesmo, desrespeitada.
O Natal tem, para mim, um significado diferente e os  cumprimentos de Natal deveriam trazer no seu bojo, não a política barata, a pataco, o discurso que não vai além da troca de galhardetes, mas o discurso da Palavra e do essencial que possa configurar a ESPERANÇA de um povo que anda à nora! 
Ilustração: Google Imagens.  

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