A Drª Manuela Ferreira Leite sublinhou ontem que Portugal vive numa "asfixia democrática muito complexa". Interessante, muito interessante, esta declaração. Se, no espaço continental português, onde há debate democrático de quinze em quinze dias na Assembleia e transmitido em directo, onde o governo não tem um órgão de comunicação social pago pelos contribuintes, onde ninguém diz que trabalha no governo mas no ministério tal, onde todo o associativismo é livre e multicolor no aspecto partidário, onde, com regularidade, temos assistido à alternância no poder, pergunto, afinal, se a líder do PSD não deveria substituir a palavra Portugal por Madeira, por corresponder, exactamente, àquilo que é a sua convicção sobre os constrangimentos à liberdade e à vida e vivência democráticas?
Das duas, uma: ou a Drª Ferreira Leite considera ser a Madeira um caso perdido e, portanto, eles que resolvam o seu problema no quadro da Autonomia, ou, então, faltar-lhe-á uma dimensão nacional no seu discurso político. A não ser assim, o que emerge é uma profunda e redutora visão sectária da actividade política onde tudo está bem desde que eu seja poder.
Revolto-me contra esta mentalidade, esta forma de exercício da actividade política, onde parece valer tudo para garantir ou chegar ao poder. A base e os fundamentos programáticos que deveriam alimentar o discurso e o convencimento dos eleitores ficam a um canto, porque a primeira dimensão é das palavras ocas de sentido e geradoras de desconfiança. É por isso que os eleitores fogem das urnas e é por isso, também, que os políticos estão desacreditados na opinião pública. Falam de cidadania, de participação mas os exemplos que são dados acabam por, não sei se intencionalmente, por afastar as pessoas mas criando espaço para alguns garantirem a satisfação dos seus interesses. É a política no seu pior. O meu caminho nunca foi e não é esse. Tal como em 1993, quando me candidatei à presidência da Câmara do Funchal continuo a assumir o princípio: "As pessoas em primeiro lugar".
4 comentários:
Caro amigo
Tenho dito, e não me canso de repetir, que o Cidadão Pinto de Sousa e o Dr. Jardim são pássaros da mesma plumagem. Andam ambos atrás do mesmo: o poder pessoal a todo o custo (e trucidam tudo e todos que lhes façam frente). Se um já está doutorado em tiranete, o outro prepara-se para não lhe ficar atrás; é uma mera questão de tempo. Se um inaugura cimemto e mais cimento, o outro inaugura... promessas e mais promessas. Se um é desbocado, o outro é envernizado. Mas, no essencial, não passam de demagogos irresponsáveis que estão a deitar tudo a perder.
Um abraço
Obrigado pelo seu comentário.
Compreendo o seu texto mas, no caso em apreço, há diferenças substanciais no plano do comportamento político, independentemente de posicionamentos partidários. Enfim, eu que aqui vivo sei, a todos os níveis, o que tem sido o exercício da política. E isso choca-me, obviamente, como compreenderá.
Sugiro-lhe que veja/descubra quantos maçons (agnósticos ou crentes) existem à volta do PM, juntinhos a ele, em plena era da transparência democrática. Depois pense...
E, já agora, as sociedades secretas servem essencialmente para negociar secretamente, longe do voto e do povo... É isto o PS há muito tempo.
Soares foi maçon?
Almeida Santos idem?
Cunha Rodrigues idem?
António Arnaut é! Sempre foi...
Preocupemo-nos com o que é importante.
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