Não se trata de uma reserva ou crítica em função do meu posicionamento partidário, mas confesso que tenho muita dificuldade em perceber o Senhor Presidente da República. É uma figura muito estranha da nossa República. Já não me refiro às últimas trapalhadas que envolveram Belém mas a muitas outras situações as quais, do meu ponto de vista, não são nada abonatórias do alto cargo que exerce. É que não basta dizer-se presidente de todos os portugueses, mais importante é aquilo que deriva da sua atitude política. Recordo, por exemplo, a muito pouco abonatória visita oficial à Madeira onde prescindiu de ouvir as várias correntes de opinião em sede da Assembleia Legislativa, antes optou por um jantar com óbvios discursos de circunstância e de enaltecimento à maioria que governa a Região. Paradoxalmente, recordo, ainda, a interrupção das férias para falar ao País sobre o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, demonstrando com essa atitude e pelos desabafos então feitos, as suas enormes reservas sobre as Autonomias insulares. São tantas as situações que, hoje, o Presidente não se livra de ouvir da boca da maioria dos comentadores de rádio e de televisão sérias críticas ao seu desempenho.
Hoje, 05 de Outubro, comemorativo da República, não se dirigiu à Câmara de Lisboa, antes refugiou-se no Palácio de Belém. Não participou porque o período é de eleições autárquicas. Pergunto, o que tem a ver uma coisa com a outra? Será que, parafraseando a Drª Manuela F. Leite que, num determinado contexto, falou da suspensão da Democracia por seis meses, temos, também, que "suspender" os ideais da República até ao dia 11 de Outubro? Não saberá o Presidente falar ao País, enquanto figura insuspeita e respeitada, dos valores que devem nortear a Nação Portuguesa, sem se imiscuir no debate partidário em curso? Não o poderia fazer no lugar certo, porque simbólico, da mesma maneira que o fez do interior do Palácio de Belém? Com as mesmas palavras? Entendo que o Presidente demonstraria a sua independência estando lá, no sítio certo, onde foi hasteada a Bandeira de todos nós e aí proferindo o discurso que entendesse por apropriado.
Hoje, 05 de Outubro, comemorativo da República, não se dirigiu à Câmara de Lisboa, antes refugiou-se no Palácio de Belém. Não participou porque o período é de eleições autárquicas. Pergunto, o que tem a ver uma coisa com a outra? Será que, parafraseando a Drª Manuela F. Leite que, num determinado contexto, falou da suspensão da Democracia por seis meses, temos, também, que "suspender" os ideais da República até ao dia 11 de Outubro? Não saberá o Presidente falar ao País, enquanto figura insuspeita e respeitada, dos valores que devem nortear a Nação Portuguesa, sem se imiscuir no debate partidário em curso? Não o poderia fazer no lugar certo, porque simbólico, da mesma maneira que o fez do interior do Palácio de Belém? Com as mesmas palavras? Entendo que o Presidente demonstraria a sua independência estando lá, no sítio certo, onde foi hasteada a Bandeira de todos nós e aí proferindo o discurso que entendesse por apropriado.
O Presidente foi eleito com 51% dos votos expressos. Significa que 49% nunca estiveram com ele. Na prática o Presidente tem vindo a dar razão aos 49%. Não é, de facto, o Presidente em que toda a população se reveja. Duvido que este que é o 19º Presidente da República, consiga fazer um segundo mandato como Presidente de todos os Portugueses.
Sem comentários:
Enviar um comentário