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terça-feira, 20 de outubro de 2009

O TEMPO DA IRRESPONSABILIDADE TENDE A ACABAR

Nunca entendi esta forma de relacionamento do governo e das autarquias com as empresas. Requisitam, levantam, não pagam e autofinanciam-se com as dívidas aos particulares. Passam meses à espera de um telefonema a anunciar que a factura está em pagamento. Entretanto, o IVA já foi pago, a Segurança Social, outros impostos também, os fornecedores e, naturalmente, os colaboradores das empresas. No meio disto, face às dificuldades no escoamento dos produtos ou serviços, suportam os juros e a amortização das dívidas à banca, contraídas para manter o negócio. Impuseram a lógica e o péssimo princípio de todos deverem a todos. Depois, inauguram, discursam e ganham eleições. Ah, e arranjam um bode expiatório, a Lei das Finanças Regionais, para justificar esta vergonhosa, eu diria, criminosa forma de governar. Perderam-se os princípios do respeito, do bom senso e da honradez no que concerne ao cumprimento dos compromissos assumidos. Não procedem assim, certamente, na vida familiar de natureza privada, mas fazem-no no sector público, com o dinheiro de todos e que custa, no final de cada mês, entregar em função das várias contribuições.
Aplaudo, sem reservas, a medida da União Europeia que impõe, a partir de Junho de 2010, a obrigação dos pagamentos serem cumpridos no prazo de 30 dias, medida esta em defesa sobretudo das pequenas e médias empresas. Sublinha o DN-M de hoje que "na Madeira, de acordo com um relatório do Ministro das Finanças, o Governo Regional não alcançou o objectivo de redução do Prazo Médio de Pagamento para 117 dias tal como se havia comprometido no âmbito do programa Pagar a Tempo e Horas, levando mais de 150 dias a pagar aos pequenos fornecedores, havendo entidades públicas e grandes empresas que têm atrasos de mais de um ano". Conclui-se que esta irresponsável forma de estar com as empresas tenderá a acabar em benefício da seriedade, do equilíbrio, da respeitabilidade e da normalização das relações entre as entidades públicas e privadas.
Tudo isto nada tem a ver com a Lei das Finanças Regionais mas sim com os equilíbrios orçamentais e com programações que devem ter uma cadência no tempo segundo as prioridades. Isto não obsta que a região seja reivindicativa, que haja negociação com o Estado, melhor, que seja respeitado o princípio da responsabilidade do Estado, o princípio da teleologia funcional (ciência que estuda os fins e as finalidades e procura determinar os meios de acção directa ou indirecta), que disponhamos de meios no quadro da Autonomia Política e Administrativa. Não é isso que está em causa. O importante é saber gerir, é ter capacidade de dizer não às megalomanias e aos grupos de pressão, investir onde é prioritário e acabar com a defesa da estratégia política baseada na lógica "com dinheiro faço obras e com as obras ganho eleições". O tempo da irresponsabilidade tende a acabar. Ainda bem, porque é a sobrevivência das empresas que está em causa e a própria transparência do mercado.

5 comentários:

Unknown disse...

É pena que esta norma só venha para o ano.Deveria ter vindo antes das últimas eleições regionais,para ver se se acaba "com a mão estendida" de uma vêz por todas e os madeirenses não sejam vistos lá fora como "chulos".Vamos ver onde é que o Albertinho vai ir buscar "o cacau".Eu se fosse o Sócrates dizia como o Alberto João - nem mais um tostão!,só ía comer aquilo a que realmente tem direito,o "gajo que se desenrrasque".

Anónimo disse...

http://bastaqsim.blogspot.com/2009/10/ruptura-estrategica.html

André Escórcio disse...

Publiquei o "comentário" deste último anónimo que remete para um outro blogue uma questão interna do PS-M à qual não quero estar envolvido. Junto do "anónimo" informo que este espaço de comunicação tem regras da mesma forma que respeito os textos e as regras dos outros.
No entanto, porque pertenço ao grupo parlamentar do PS, tenho que dizer que a decisão tomada não teve rigorosamente nada a ver com candidaturas internas à liderança do Partido. Julgo que se trata de uma leitura, no mínimo abusiva. Pessoalmente (quem me conhece sabe que é assim) não alinho nem alimento golpes sejam de que natureza forem.
É evidente que pode ser questionado o sentido de voto. É legítimo. Prefiro, no entanto, valorizar a excelente intervenção do Deputado Carlos Pereira que desmontou, completamente, a argumentação do PSD. Isso é que fica para a história.

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Não concordo consigo. Todos sabemos que, aqui na Madeira (e não só...) existe uma arte refinada para contornar a Lei. Basta olhar para as famigeradas sociedades de endividamento (perdão, de desenvolvimento) que, como todos sabem "não são" Estado.
E se esta artimanha não pegar, não faltará aos nossos (des)governantes imaginação e subtileza para criar outros mecanismos.
A bagunçada vai continuar. Pode crer.

Vilhão Burro disse...

Senhor Professor

O senhor vai-me desculpar, mas acho que está a ser um bocadinho maldoso e maldizente.
Então o sr.Silva, o sr. Jaime Gama e a rigorosa sra. Ferreira Leite, não vieram aqui gabar a excelência da obra e da gestão democrática do único importante desta terra?!
Sem ofensa,eu até cá acho que o senhor professor é um homem sério mas perante os veementes testemunhos daquelas sumidades,fico um bocado baralhado do juízo...
Já conversei com os meus compadres e eles também estão à nora como eu.
Olhe,senhor professor,enquanto houver uma espetadinha,um vinhinho e um futebolinho ao domingo,com a ajuda da senhora de Fátima, a gente vai aguentando este vale de lágrimas.
Seja tudo por conta dos nossos pecados. Na vida eterna o reino dos céus será nosso, não é verdade?!