- Na sua opinião, quais são as principais preocupações que se apresentam neste novo ano escolar na Madeira?
Ano novo, velhos problemas por resolver. A questão é muito complexa, simplesmente porque não basta que a Escola funcione. Interessa saber como funciona, se ela responde ou não a um quadro de princípios e de valores que, hoje, devem configurar o sistema educativo de qualidade. Era o que faltava os estabelecimentos de educação e ensino não abrirem a tempo e horas, se considerarmos que o sistema está regionalizado, existem edifícios, professores, estudantes e administrativos. A questão central é, por isso, muito mais profunda, prende-se com uma ideia maior, eu diria, estratégica, no que diz respeito à parte organizacional, curricular e programática. Há uma sensível e histórica incapacidade para definir um rumo para a escola madeirense ancorada que deve estar, obviamente, nos desígnios nacionais. Quero sublinhar que o Português e a Matemática, entre outras, têm uma abrangência do Minho ao Corvo, mas que podemos e devemos dar passos no sentido de um sistema próprio, sobretudo ao nível do ensino básico.
- Pelo que tem conhecimento, o novo ano escolar arrancou dentro da normalidade na Região?
Eu diria que se registou uma normal anormalidade. Esta não é, do meu ponto de vista, a Escola que deveríamos ter. Eu diria que é a Escola possível porque ela está assente em uma estrutura que despacha horários de trabalho mas onde os alunos não estão no centro das preocupações educativas. É evidente que esta Escola está cheia de coisas, cheia de actividades, mas está vazia de significado, por ausência de preocupações a montante do sistema, isto é, junto dos graves problemas de natureza económica, social e cultural das famílias e, a jusante, no interior da escola, por ausência de uma cultura de desempenho apelativa para o conhecimento. Há uma significativa leviandade ao permitir-se que o acessório domine em relação àquelas que deveriam ser as preocupações essenciais, o que me leva a dizer que é sensivelmente dissonante a relação que a Escola estabelece entre os eventuais fins educativos e os procedimentos pedagógicos. O sistema está bloqueado, tornou-se repetitivo por falta coragem para actuar no âmago dos problemas. Junta-se a isto a peregrina ideia de tornar as escolas todas iguais quando elas devem crescer e afirmarem-se com identidade própria.
- Teme que este novo ano lectivo volte a ficar marcado pelas polémicas à volta das lutas laborais dos professores?
A polémica não deve incomodar. Os silêncios é que são preocupantes. De resto, o sistema é um mix e, por isso, deve interagir com todos os outros sistemas, desde o social ao político, passando pelo económico, cultural, religioso, etc.. E todos devem perceber isso e assumir que uma coisa é a audição, outra a negociação. O desconforto que existe na classe tem raízes profundas que começa na concepção do sistema até à sociedade que não está bem e, por isso mesmo, a Escola não pode estar melhor. Há inevitáveis desencontros que, mais tarde, se reflectem nos pobres indicadores que apresentamos, concretamente, nas taxas de insucesso e abandono, analfabetismo e qualificação profissional, entre outras. Raramente os docentes reivindicam tabelas salariais mas queixam-se por muitas outras razões. O dilema é que não tem havido sensibilidade para compreender e atenuar os desencontros dos vários parceiros do sistema. É pena, porque vamos continuar a pagar caro a auto-suficiência e o balofo caminho que vem sendo seguido na Região.
Ano novo, velhos problemas por resolver. A questão é muito complexa, simplesmente porque não basta que a Escola funcione. Interessa saber como funciona, se ela responde ou não a um quadro de princípios e de valores que, hoje, devem configurar o sistema educativo de qualidade. Era o que faltava os estabelecimentos de educação e ensino não abrirem a tempo e horas, se considerarmos que o sistema está regionalizado, existem edifícios, professores, estudantes e administrativos. A questão central é, por isso, muito mais profunda, prende-se com uma ideia maior, eu diria, estratégica, no que diz respeito à parte organizacional, curricular e programática. Há uma sensível e histórica incapacidade para definir um rumo para a escola madeirense ancorada que deve estar, obviamente, nos desígnios nacionais. Quero sublinhar que o Português e a Matemática, entre outras, têm uma abrangência do Minho ao Corvo, mas que podemos e devemos dar passos no sentido de um sistema próprio, sobretudo ao nível do ensino básico.
- Pelo que tem conhecimento, o novo ano escolar arrancou dentro da normalidade na Região?
Eu diria que se registou uma normal anormalidade. Esta não é, do meu ponto de vista, a Escola que deveríamos ter. Eu diria que é a Escola possível porque ela está assente em uma estrutura que despacha horários de trabalho mas onde os alunos não estão no centro das preocupações educativas. É evidente que esta Escola está cheia de coisas, cheia de actividades, mas está vazia de significado, por ausência de preocupações a montante do sistema, isto é, junto dos graves problemas de natureza económica, social e cultural das famílias e, a jusante, no interior da escola, por ausência de uma cultura de desempenho apelativa para o conhecimento. Há uma significativa leviandade ao permitir-se que o acessório domine em relação àquelas que deveriam ser as preocupações essenciais, o que me leva a dizer que é sensivelmente dissonante a relação que a Escola estabelece entre os eventuais fins educativos e os procedimentos pedagógicos. O sistema está bloqueado, tornou-se repetitivo por falta coragem para actuar no âmago dos problemas. Junta-se a isto a peregrina ideia de tornar as escolas todas iguais quando elas devem crescer e afirmarem-se com identidade própria.
- Teme que este novo ano lectivo volte a ficar marcado pelas polémicas à volta das lutas laborais dos professores?
A polémica não deve incomodar. Os silêncios é que são preocupantes. De resto, o sistema é um mix e, por isso, deve interagir com todos os outros sistemas, desde o social ao político, passando pelo económico, cultural, religioso, etc.. E todos devem perceber isso e assumir que uma coisa é a audição, outra a negociação. O desconforto que existe na classe tem raízes profundas que começa na concepção do sistema até à sociedade que não está bem e, por isso mesmo, a Escola não pode estar melhor. Há inevitáveis desencontros que, mais tarde, se reflectem nos pobres indicadores que apresentamos, concretamente, nas taxas de insucesso e abandono, analfabetismo e qualificação profissional, entre outras. Raramente os docentes reivindicam tabelas salariais mas queixam-se por muitas outras razões. O dilema é que não tem havido sensibilidade para compreender e atenuar os desencontros dos vários parceiros do sistema. É pena, porque vamos continuar a pagar caro a auto-suficiência e o balofo caminho que vem sendo seguido na Região.
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