Uma criança de 8 anos que recebeu estímulos cognitivos aos 3 conta com um vocabulário de cerca de 12.000 palavras – o triplo do de um aluno sem a mesma base precoce. E a tendência é que essa diferença se agrave.
É inaceitável o agravamento dos valores a pagar pelas famílias madeirenses, com filhos na rede pública de creches e jardins de infância. Em um momento de grave crise, com indicadores de pobreza na ordem dos 30%, com mais de 15.000 desempregados, com um tecido empresarial aflito e que não consegue dar resposta no emprego, com muitos a tomarem o caminho de emigração forçada, desestruturando, ainda mais, as famílias, venha o governo impor aumentos nas mensalidades. Para além do mau senso do governo em função da oportunidade, ignora o que significa, a prazo, o investimento nas primeiras idades.
A posição do Partido Socialista é muito clara nesta matéria e está consubstanciada na gratuitidade dos primeiros três escalões correspondentes ao abono de família. Tal gratuitidade justifica-se não só pelas dificuldades económicas da população, mas também quando está estudado que tentar “sedimentar num adolescente o tipo de conhecimento que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes sai algo como 60% mais caro”, sublinha o estudo de James Heckman, Prémio Nobel da Economia. Os números são espantosos. “Uma criança de 8 anos que recebeu estímulos cognitivos aos 3 conta com um vocabulário de cerca de 12 000 palavras – o triplo do de um aluno sem a mesma base precoce. E a tendência é que essa diferença se agrave. Como esperar que alguém que domine tão poucas palavras consiga aprender as estruturas mais complexas de uma língua, necessárias para a aprendizagem de qualquer disciplina? Por isso as lacunas da primeira infância atrapalham tanto. Se a base for ruim, o edifício desmoronará”.
O governo não entende esta mensagem, agrava os valores, cria as condições para o abandono, esquecendo-se que, quem pouco tem, não pode pensar em uma educação a vinte anos, pois tem de pensar a vida ao mês e à semana. Esquece-se que a ausência de investimento nas primeiras idades está associada a uma série de indicadores futuros, como a taxa de retenção, desistência e qualificação que, na Região, em 2007/08, foi de 20,3% no 3º ciclo do Ensino Básico e de 26,6% no Secundário (Público, 13.06.10). Estes são valores que representam um custo enorme para o desenvolvimento.
A posição do Partido Socialista é muito clara nesta matéria e está consubstanciada na gratuitidade dos primeiros três escalões correspondentes ao abono de família. Tal gratuitidade justifica-se não só pelas dificuldades económicas da população, mas também quando está estudado que tentar “sedimentar num adolescente o tipo de conhecimento que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes sai algo como 60% mais caro”, sublinha o estudo de James Heckman, Prémio Nobel da Economia. Os números são espantosos. “Uma criança de 8 anos que recebeu estímulos cognitivos aos 3 conta com um vocabulário de cerca de 12 000 palavras – o triplo do de um aluno sem a mesma base precoce. E a tendência é que essa diferença se agrave. Como esperar que alguém que domine tão poucas palavras consiga aprender as estruturas mais complexas de uma língua, necessárias para a aprendizagem de qualquer disciplina? Por isso as lacunas da primeira infância atrapalham tanto. Se a base for ruim, o edifício desmoronará”.
O governo não entende esta mensagem, agrava os valores, cria as condições para o abandono, esquecendo-se que, quem pouco tem, não pode pensar em uma educação a vinte anos, pois tem de pensar a vida ao mês e à semana. Esquece-se que a ausência de investimento nas primeiras idades está associada a uma série de indicadores futuros, como a taxa de retenção, desistência e qualificação que, na Região, em 2007/08, foi de 20,3% no 3º ciclo do Ensino Básico e de 26,6% no Secundário (Público, 13.06.10). Estes são valores que representam um custo enorme para o desenvolvimento.
NOTA:
Texto de uma "Carta do Leitor" que hoje publiquei na edição do DN-Madeira.
Ilustração: Google Imagens.
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