Esta é a nossa cultura, falar de tudo mesmo sem perceber.
Queiroz passou de besta a bestial... num ápice. 7-0 frente à Coreia do Norte prova que se fala sem conhecer. Hoje, na edição do DN-Madeira, publiquei este texto. Um texto, a propósito, penso eu.
"Não tenho acompanhado a par e passo o Mundial de Futebol. Segui umas partes, quando calha, vou sabendo dos resultados e, de quando em vez, apanho os comentários que vão sendo produzidos. É evidente que, após esta primeira ronda de qualificação, buscarei o espectáculo que o alto rendimento é capaz de produzir e que me encanta. E nesse aspecto, oxalá, Portugal esteja entre os melhores. Faz parte da nossa auto-estima enquanto Povo sentirmo-nos representados ao mais alto nível, sobretudo por aqueles que nasceram em Portugal.
Mas, como vinha dizendo, tenho apanhado uns comentários, em directo, nos jogos, ou naqueles programas que o meu “zapping” obriga a passar e a escutar. Invariavelmente, fico com aquela sensação, aliás, sempre foi assim, que este é um Povo que não tem hábitos de prática desportiva (77%) mas que percebe daquilo como ninguém. O Queiroz assim e o Queiroz assado, a táctica, este e aqueloutro no lugar de uma dada opção técnica, enfim, concluo eu, mata-se uma pessoa a fazer uma Licenciatura e cursos e mais cursos pós-graduação, adquire uma notável folha de experiências e de competências e, depois, piores que as vuvuzelas, uns senhores, e senhoras, também, cujo “desporto”, não vai além da corrida para apanhar o autocarro, ditam a sentença: toma lá que disto pouco percebes. Não acho razoável. Dirão, alguns: é o futebol, meu amigo! Talvez. Mas é também uma questão de formação, de educação e de cultura. Acrescento: esta é a nossa cultura, falar de tudo mesmo sem perceber.
Eu que gosto de ver o espectáculo e de vivê-lo, espero pelo dia que o meu controlo remoto possa dispor da possibilidade de escolher apenas o som ambiente ou o ambiente mais os comentários. Muitas vezes, certamente, escolherei a primeira função".
Mas, como vinha dizendo, tenho apanhado uns comentários, em directo, nos jogos, ou naqueles programas que o meu “zapping” obriga a passar e a escutar. Invariavelmente, fico com aquela sensação, aliás, sempre foi assim, que este é um Povo que não tem hábitos de prática desportiva (77%) mas que percebe daquilo como ninguém. O Queiroz assim e o Queiroz assado, a táctica, este e aqueloutro no lugar de uma dada opção técnica, enfim, concluo eu, mata-se uma pessoa a fazer uma Licenciatura e cursos e mais cursos pós-graduação, adquire uma notável folha de experiências e de competências e, depois, piores que as vuvuzelas, uns senhores, e senhoras, também, cujo “desporto”, não vai além da corrida para apanhar o autocarro, ditam a sentença: toma lá que disto pouco percebes. Não acho razoável. Dirão, alguns: é o futebol, meu amigo! Talvez. Mas é também uma questão de formação, de educação e de cultura. Acrescento: esta é a nossa cultura, falar de tudo mesmo sem perceber.
Eu que gosto de ver o espectáculo e de vivê-lo, espero pelo dia que o meu controlo remoto possa dispor da possibilidade de escolher apenas o som ambiente ou o ambiente mais os comentários. Muitas vezes, certamente, escolherei a primeira função".
Ilustração: Google Imagens.
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