"A maioria só deixa avançar 'votos de pesar' ou 'louvores' a figuras destacadas - e mesmo assim não aprova todos eles. O parlamento, sendo a casa do debate, não debate. É centro de democracia e padece a ditadura".
Li, na edição de hoje do DN, com entusiasmo, um notável artigo do Jornalista Luis Calisto, onde caracteriza a Assembleia Legislativa da Madeira e, por extensão, o estado da DEMOCRACIA local. Poucos o fizeram ao longo destes 36 anos. Trata-se de uma análise lúcida, verdadeira e profunda de um madeirense que olha para a sua terra, com os olhos e o rigor da independência, e abala consciências sobre os perigos que todos estamos a correr. Um texto que fica na História, pois constitui um marco de reflexão para o futuro. Aqui fica uma parte do texto.
"Os deputados PSD alvejam as iniciativas da oposição como quem abate tordos cativos na armadilha. Os 'projectos de decreto' sucumbem um a um, sem verificação prévia da sua valia, e tratem do que tratarem: Estatuto da Carreira Docente, regime jurídico de comparticipações financeiras ao Desporto, subsídio de insularidade ao funcionalismo público, combate à evasão e fraude fiscal, carreiras e remunerações na Função Pública, acção social escolar, taxas a cobrar pela utilização do domínio público aeroportuário, jogo de Casino, taxas, clarificação do regime jurídico do CINM e impacto da praça no PIB regional, contribuição especial na extracção de inertes - é trabalho do PS que, com as iniciativas da restante oposição, fica para a estatística dos 'rejeitados' - salvo escassas excepções. A sorte da solicitação de 'debates parlamentares' não é melhor, porque a maioria foge a matérias complexas: desastre na Ribeira dos Socorridos, meios de combate à corrupção, concessões à Vialitoral e Viaexpresso, análise das transferências do Estado, negociação de fundos europeus 2007-2013, Marina do Lugar de Baixo, transportes marítimos entre a Madeira e o Porto Santo, Quinta do Lorde, extracção de inertes nas ribeiras do Faial, endividamento da Região, reconstrução pós-20 de Fevereiro, comunicação social, situação na Saúde. A oposição "não tem moralidade" para solicitar estes debates, costuma dizer a maioria. E está o assunto resolvido. 'Interpelações ao GR', versando temas como a situação do JM, Europa, Estatuto da Oposição, Sociedades de Desenvolvimento, desemprego, estado da Região e por aí fora, tudo igualmente rejeitado ou lançado às calendas gregas, salvo as excepções para disfarçar".
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Mas porque não se testam todas estas ideias junto ao PS nacional (onde são poder e podem aplicar as mesmas) e não apenas por aquionde toda a demagogia vale face à distância (incapacidade) para se chegar ao poder onde as decisões e iniciativas têm de ser realistas e não meros exercícios de agrado a corporações?
Tentem exportar as ideias para o PS onde ele é poder.
Obrigado pelo seu comentário.
Desculpar-me-á mas, sinceramente, não percebi onde quer chegar. A questão que o Jornalista aborda, do meu ponto de vista, constitui o retrato fiel do primeiro órgão de governo próprio. Isto não tem nada a ver com a República. E se formos a comparar, há uma grande diferença entre as duas Assembleias. Lá, até o Primeiro-Ministro comparece de 15 em 15 dias a discutir os problemas do País aos olhos de todo o Povo. Aqui... é o que se sabe!
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