A referência a Deus e à reza, é dirigida, cirurgicamente, aos sentimentos profundamente religiosos do Povo. É muito mais do que uma expressão vulgarmente dita. Ela tem uma intencionalidade política. É Ele ("Nosso Senhor") o guia que tem, neste bocado de terra, um guia do Seu Povo. E, portanto, rezem para que me mantenha neste lugar.
Todos nós devemos ter a noção do tempo. É o ciclo da vida que nos impõe essa noção de tempo para actuar e servir e o tempo para recuar e permitir que outros imprimam novas dinâmicas, neste caso, de natureza política, económica, social e cultural. Tudo tem o seu tempo. Não apenas por um problema de idade, mas um problema de bom senso e até de capacidade. Infelizmente, há pessoas que assim não entendem e fazem da sua vida política uma espécie de bateria "duracell", conjugada com uma "política do eucalipto". É por isso que isto está assim. Dizem que o exercício da política não é uma profissão mas, no fundo, comportam-se como se ela fosse. E se lhes retirarem esse compromisso que impõem a si próprios, sentem que morrem aos bocados, pela falta do alimento que o poder lhes faculta.
Isto a propósito do que ouvi o Senhor Presidente do Governo Regional dizer: saio "quando o povo quiser" (...) tenho "novas responsabilidades em cima de mim após os trágicos acontecimentos do dia 20 de Fevereiro" (...) "tenho a consciência que não é depois de uma certa idade que vou fazer a vontade aos meus adversários" (...) pelo que "não saio quando os meus adversários quiserem. Saio quando o povo quiser. Assim é que é a democracia" (...) só peço que "rezem para Nosso Senhor continuar a me dar saúde" (...) "se eu tiver saúde, o resto é comigo".
Muito interessantes estas declarações. Desde logo, coitado do Povo, enredado que anda na teia que foi tecida ao longo de 36 anos, uma teia de colossais dependências, que o conduzem, muitas vezes, a não ter ou poder desfrutar de outras opiniões. O Povo é hoje a consequência do que ele sempre procurou, um povo humilde, sem estoicidade e pouco valente em matéria de direitos e de observação do Mundo. Ele sabe que é assim, ou como vulgarmente se diz, "com a verdade me enganas". Outra: fazer a vontade à oposição, essa é excelente, essa transmite o sentimento que se sair o PSD perderá as eleições, porque é ele que aguenta a instabilidade interna. Finalmente, a referência a Deus e à reza, é dirigida, cirurgicamente, aos sentimentos profundamente religiosos do Povo. É muito mais do que uma expressão vulgarmente dita. Ela tem uma intencionalidade política. É Ele ("Nosso Senhor") o guia que tem, neste bocado de terra, um guia do Seu Povo. E, portanto, rezem para que me mantenha neste lugar.
Pessoalmente, desejo-lhe o máximo de saúde e uma vida longa mas, por favor, é tempo de não jogar com os sentimentos das pessoas, tampouco com a administração e gestão de uma Região que precisa, urgentemente, de novos e mais qualificados actores políticos. O "resto" não é consigo, Senhor Presidente, porque está aos olhos de todos o ponto a que chegámos, no desemprego, na pobreza, na falta de referências, etc. etc..
Tudo tem o seu tempo e o autor daqueles palavras já teve o seu. Arrisca-se a sair pela porta das traseiras...
Ilustração: Google Imagens.
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