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domingo, 6 de junho de 2010

404 PERGUNTAS AO VICE-PRESIDENTE DO GOVERNO


O Senhor Vice-Presidente do Governo tem todo o direito de gastar como quiser e entender o seu dinheiro ou fortuna pessoal, não pode é utilizar o dinheiro de todos os madeirenses e porto-santenses, os fundos europeus e nacionais de forma irracional, para a sua auto-promoção política. E já que fala de contas de mercearia, temos de lhe dizer que o rol já não tem páginas onde assentar as dívidas e a irracionalidade (...)

A propósito das posições intempestivas assumidas pelo Vice-Presidente do Governo Regional relativamente às 404 questões sobre as Sociedades de Desenvolvimento, colocadas pelo Grupo Parlamentar do PS-Madeira, entendi, em nome do GP assumir a seguinte posição:
1. O Dr. João Cunha e Silva deveria saber e, por isso, assumir, que as questões de política não devem ser fulanizadas. A um governante exige-se respeito pela Assembleia de quem depende e capacidade para provar as suas opções políticas. As 404 perguntas que estão elencadas são legítimas, enquadram-se em dados factuais e extremamente preocupantes na equilibrada relação entre o crescimento e o desenvolvimento. Quem assim não entende e não se comporta em função do cargo que exerce, demonstra, aqui sim, “sobranceria e arrogância”.
2. Neste pressuposto, pela forma desajeitada e deselegante, nada normal numa democracia, como responde ao principal partido da oposição, o Vice-Presidente do Governo demonstrou estar fora de si, diríamos mesmo, de cabeça perdida, em função do monstro que gerou. Infelizmente, temos de aceitar que não é para menos.
3. O Senhor Vice-Presidente que tenha consciência que quem define as opções de política e a sua oportunidade não é o Deputado A ou B mas o grupo parlamentar e a Comissão Política do PS.
4. É preciso que se saiba que a questão das Sociedades de Desenvolvimento constitui um problema muito sério e vasto, cuja discussão, ao contrário do que é dito, não “está gasta”. Pelo contrário, só agora começou. Obra a obra, o trabalho de tais Sociedades terá de ser escalpelizado, porque serão os madeirenses as vítimas da megalomania e do claro desajustamento entre as políticas e a realidade conjuntural da Madeira. E aqui é legítimo que se atente nos seguintes factos:
i. Há uma clara e indesmentível falência técnica das Sociedades de Desenvolvimento face a uma dívida superior a 650 milhões de euros.
ii. Um nítido falhanço na política macro-económica, uma vez que os projectos não alavancaram a produção de riqueza, pelo contrário, foram geradores de angústias para o governo, concessionários e tecido empresarial em geral, uma vez que afastou o investimento privado.
iii. Não bastasse a consciência dos erros cometidos, o recente endividamento de mais 100 milhões de euros para obras de muito duvidosa oportunidade, conjugadas com a incerteza sobre a origem dos montantes financeiros necessários para pagar o endividamento das Sociedades a partir de 2012, significa que o Vice-Presidente não aprendeu com os erros e com gravidade que resulta de serem todos os madeirenses a terem de pagar uma factura que não pediram.
5. O “tempo certo” para os investimentos deve ser ditado pelo tempo certo da responsabilidade e da inteligência política, pela tomada de consciência que investir, na lógica do desenvolvimento, não pode significar a descaracterização da identidade histórico-cultural da Região, tampouco a falência de um Povo que tem prioridades económicas, financeiras, educativas, sociais e culturais por satisfazer.
6. O Senhor Vice-Presidente do Governo tem todo o direito de gastar como quiser e entender o seu dinheiro ou fortuna pessoal, não pode é utilizar o dinheiro de todos os madeirenses e porto-santenses, os fundos europeus e nacionais de forma irracional, para a sua auto-promoção política. E já que fala de contas de mercearia, temos de lhe dizer que o rol já não tem páginas onde assentar as dívidas e a irracionalidade e que, sendo assim, este pode tornar-se em um caso não de política mas de polícia.
7. A terminar, esperamos por si na Assembleia, mas exija ao seu Grupo Parlamentar um Regimento de debate, justo e que garanta ao PS o tempo necessário para replicar, de forma sustentada, aqueles que são os seus habituais argumentos. E esperamos que não transforme o debate em mais um monólogo de exibição pessoal.

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