Em uma terra pobre e dependente, prometeram e deram o que tinham e o que não tinham. O resultado é este: fragilidade absoluta ao nível do desporto educativo escolar e associativismo desportivo com dívidas até ao céu da boca.
Não constitui novidade para ninguém. Tenho vindo a denunciar essa situação e, há muitos anos, que saliento que o desfecho só poderia ser este. As dívidas dos clubes têm uma origem e essa sustenta-se em uma política desportiva desastrosa, alimentada por irresponsabilidade e pelo princípio de que o desporto tem de estar ao serviço da política e não ao serviço do desenvolvimento. Interessaram-se mais pela representatividade externa do que propriamente por uma prática entendida como bem cultural. E em uma terra pobre e dependente, prometeram e deram o que tinham e o que não tinham. O resultado é este: fragilidade absoluta ao nível do desporto educativo escolar e associativismo desportivo com dívidas até ao céu da boca.
Ficaram alguns resultados desportivos de qualidade, dirão alguns. É verdade. Só que os resultados sempre foram e serão efémeros, enquanto que o investimento de base acaba por ter efeitos multiplicadores, inclusive, no aparecimento dos resultados desportivos. Ademais, em uma terra de graves assimetrias, o Desporto de rendimento elevado ou com uma matriz de representação externa, não pode constituir uma prioridade no investimento. Há, obviamente, outras prioridades a considerar. Basta ter em atenção a pirâmide das necessidades de Maslow e, se isso não bastar, olhar para a disponibilidade financeira da Região e para as extremas dificuldades do tecido empresarial que, aliás, não são de agora. Sempre denunciaram fragilidades e, portanto, sensíveis incapacidades para apoiarem, com direito a contrapartidas, os clubes e associações desportivas da Região.
Em 2007, apresentei, em nome do grupo parlamentar a que pertenço, um projecto de Decreto Legislativo Regional sobre as "Bases da Actividade Física, do Desporto Educativo Escolar, do Desporto Federado e Regime Jurídico de Atribuição de Comparticipações ao Associativismo Desportivo da Região Autónoma da Madeira". Um projecto que foi chumbado pelo PSD. No Artigo 11º (Princípios Gerais) enunciava:
1. São princípios gerais da política de actividade física e desportiva regular da Região Autónoma da Madeira:
a) A realização de instrumentos de planeamento integrados, globais e sectoriais, que diagnostiquem as necessidades e estabeleçam as prioridades, com base em critérios de distribuição territorial equilibrada, os critérios de desenvolvimento sustentado e respectivas estratégias da oferta de infra-estruturas e equipamentos desportivos;
a) A realização de instrumentos de planeamento integrados, globais e sectoriais, que diagnostiquem as necessidades e estabeleçam as prioridades, com base em critérios de distribuição territorial equilibrada, os critérios de desenvolvimento sustentado e respectivas estratégias da oferta de infra-estruturas e equipamentos desportivos;
b) A optimização, diversidade, qualidade e segurança das infra-estruturas e equipamentos desportivos;
c) A consecução do bem-estar e saúde da população através de programas que visem a assunção da actividade física autónoma nos hábitos culturais e estilos de vida activos;
d) A criação de condições de acessibilidade à prática desportiva para cidadãos portadores de deficiência;
e) A formação integral dos jovens, através da adopção, divulgação e prática dos valores formativos e educativos do desporto;
f) Promover a difusão dos valores do olimpismo nos programas de educação desportiva nos estabelecimentos de ensino.
g) O apoio ao associativismo desportivo, em geral, e ao escolar, em particular;
h) A valorização da competição desportiva concelhia e regional dos sectores escolar e federado;
i) A conquista, salvaguarda e dinamização da actividade física e desportiva nos grandes espaços naturais;
j) O aperfeiçoamento e desenvolvimento dos níveis de formação científica dos recursos humanos no desporto;
k) O apoio de natureza financeira, material e de recursos humanos especializados ao desporto de alto rendimento.
l) O estudo e fomento do património cultural que os jogos tradicionais encerram;
m) O apoio a eventos desportivos nacionais e internacionais, susceptíveis de serem considerados de interesse público e promocionais da prática desportiva.
n) O turismo desportivo;
o) A cooperação com os espaços insulares europeus e com os países de acolhimento da diáspora madeirense;
c) A consecução do bem-estar e saúde da população através de programas que visem a assunção da actividade física autónoma nos hábitos culturais e estilos de vida activos;
d) A criação de condições de acessibilidade à prática desportiva para cidadãos portadores de deficiência;
e) A formação integral dos jovens, através da adopção, divulgação e prática dos valores formativos e educativos do desporto;
f) Promover a difusão dos valores do olimpismo nos programas de educação desportiva nos estabelecimentos de ensino.
g) O apoio ao associativismo desportivo, em geral, e ao escolar, em particular;
h) A valorização da competição desportiva concelhia e regional dos sectores escolar e federado;
i) A conquista, salvaguarda e dinamização da actividade física e desportiva nos grandes espaços naturais;
j) O aperfeiçoamento e desenvolvimento dos níveis de formação científica dos recursos humanos no desporto;
k) O apoio de natureza financeira, material e de recursos humanos especializados ao desporto de alto rendimento.
l) O estudo e fomento do património cultural que os jogos tradicionais encerram;
m) O apoio a eventos desportivos nacionais e internacionais, susceptíveis de serem considerados de interesse público e promocionais da prática desportiva.
n) O turismo desportivo;
o) A cooperação com os espaços insulares europeus e com os países de acolhimento da diáspora madeirense;
p) O estímulo à criação de emprego especializado.
As promessas de solução do grave problema financeiro dos clubes e associações, cujos dirigentes reuniram ontem com o Secretário da Educação, obviamente que não serão satisfeitas a curto prazo. Demorará muito tempo, quando se sabe, entre outros sectores e áreas, que as escolas se debatem com problemas de financiamento. E esses são prioritários. O dinheiro não é elástico e, por isso, alguém vai ter que esperar. Enquanto esperam, lamentavelmente, o rol das dívidas vai aumentar até ao estoiro final. Lamento, profundamente, porque quem apostou nesta política não foram os dirigentes desportivos... alguém os empurrou para esta situação.
Ilustração: Google Imagens.
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