Parece um jogo de pequenos, do tipo, não brinco mais! Amuou, primeiro, passaram-lhe a mão pela cabecinha, depois, pronto, lá está ele de volta. Provavelmente! "Irrevogável", para Paulo Portas, segundo o que anda a correr na Net, significa "ir ali e já volto". E só o Presidente da República é que não vê este jogo que corre debaixo dos seus olhos. Adia o problema, porque, primeiro, tem de tratar do pós-troika! Espantoso. Ou, se calhar, vê o problema, só que existem outros interesses ou costelas partidárias em jogo. Definitivamente, não está em causa o interesse nacional, mas a defesa dos princípios ideológicos e sei lá eu que mais! Dir-se-á que o Presidente prefere esta porcaria, este medíocre espectáculo, este total desconforto que os portugueses observam e sentem, do que assumir posições com total independência. Ele, repetidamente, diz que não quer juntar uma crise política à crise existente, de natureza económica, financeira e social, mas permite que esta última se arraste e degrade cada vez mais, ao invés de tentar cortar com os erros de dois anos de governação. Esta governação, deveria o Presidente da República ter isso presente, pode agradar aos banqueiros e aos especuladores, pode agradar a Durão Barroso, pode agradar a Merkel, pode agradar a Mário Draghi, pode agradar a Wolfgang Schäuble, pode agradar a Christine Lagarde, pode agradar aos "embaixadores da troika em Portugal", de todo não agrada à esmagadora maioria dos portugueses. E a maioria dos portugueses, apesar de pobre, não é estúpida e mal formada. Basta escutá-los nos seus desabafos. Mas qual é o problema, questiono, de uma opção por eleições antecipadas? Qual o problema de uma clarificação política que assente, com toda a certeza, nos interesses nacionais, na honra e na soberania do espaço português? Imagine-se que 2013 era ano de eleições legislativas nacionais. Não se realizariam, porque este é um tempo de crise? E em 2015, quando Portugal estiver confrontado com a continuidade dos problemas, porventura, tão ou mais graves que os de hoje, as legislativas ficarão para depois? Portanto, deixem-se de tretas, o problema da não realização de eleições antecipadas é um falso problema. E veremos, dentro de dias, semanas ou de poucos meses, se a opção não será a de eleições antecipadas. O caminho parece-me inevitável.
Já não é apenas o Governo que está ligado à máquina. É o próprio Presidente da República. |
Os indicadores são claros e foram explicitados na carta do ex-ministro Gaspar ao Primeiro-Ministro. O falhanço foi total, mas para o Presidente, isto ainda não bateu totalmente no fundo. Há que aguardar. Metem-se agora as autárquicas, depois o orçamento, segue-se o Natal, enfim, lá para o ano novo se verá!
Não costumo fazer considerações sobre a capacidade profissional seja lá de quem for. Mesmo perante colegas meus, ao longo da vida, tomei por princípio respeitar as suas competências no conhecimento, sobretudo o pedagógico, mesmo que, perante alguns dados, a minha observação não fosse a melhor. Uma coisa é pensar, outra é dizer. Daí que, não sendo a Economia e as Finanças, como vulgarmente por aí se diz, a minha praia, não gostaria de referir-me a sectores e áreas do conhecimento que não domino na plenitude. Todavia, a observação da práxis política do Presidente República, eu, enquanto cidadão activo e pressupostamente bem informado, tenho substanciais dúvidas sobre as competências académicas do cidadão Cavaco Silva. Ele Doutorado em Economia Pública, vê o País esvair-se, é portador de dados que provam o desastre destes dois últimos anos, vê uma mancheia de comentadores assumirem que este governo chegou ao fim, tem noção que a "economia pública" já era, vê todos os partidos com assento parlamentar a dizerem basta, porém, acredita que o "irrevogável" Portas prometerá aguentar isto mais uns tempos, que a maioria vai continuar, que a Europa vai gostar e que todos nós cidadãos vamos engolir. Duvido que engulam.
E o povo que se dane! |
Esta governação, deveria o Presidente da República ter isso presente, pode agradar aos banqueiros e aos especuladores, pode agradar a Durão Barroso, pode agradar a Merkel, pode agradar a Mário Draghi, pode agradar a Wolfgang Schäuble, pode agradar a Christine Lagarde, pode agradar aos "embaixadores da troika em Portugal", de todo não agrada à esmagadora maioria dos portugueses. E a maioria dos portugueses, apesar de pobre, não é estúpida e mal formada. Basta escutá-los nos seus desabafos. Basta um pouco de atenção, já não digo às palavras do povo, mas ao que Paul Krugman tem assumido no Financial Times: "O importante agora é mudar as políticas que estão a criar esse pesadelo" (...) "Não me digam que Portugal tem tido más políticas no passado e que tem profundos problemas estruturais. Claro que tem, e todos têm, mas sendo que em Portugal a situação é mais grave que em outros países, como é que faz sentido que se consiga lidar com estes problemas condenando ao desemprego um grande número de trabalhadores disponíveis?" Ao contrário de mudar de políticas o Economista Cavaco Silva, perante o desastre, entende que as políticas devem continuar. Certamente, não estudou pelos mesmos livros de Krugman. Adiou a decisão depois da reunião com Passos Coelho, empurrou com a barriga a imensidão de problemas, anda a tentar lavar as mãos da responsabilidade política que tem e que terá até ao dia do colapso. Dir-se-á que Paulo Portas foi um irresponsável político. Ele lá saberá as razões. Mas ainda mais irresponsável tem sido o Presidente da República que perante tantos indícios e factos, manteve e mantém este estado vegetativo do governo português.
Cheira mal... e ri-se! |
Ilustração: Google Imagens.
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