O mais interessante disto é que o candidato Dr. Bruno Pereira vai nessa história. Ele quer ser presidente de uma câmara que oscila entre um magnífico espectáculo anual de jazz e uma repelente música pimba. Melhor que Carreira é o artista Jardim que fez "Carreira" política e que, embora mantendo o mesmo espectáculo de há 37 anos, é hoje fonte de humor, de divertimento, capaz de interpretar a tragédia e a comédia como poucos. Mas a política de certos senhores sempre foi feita assim. Não têm € 66.000,00 para a Fundação (os responsáveis estão nos dois ambientes) pagar as contas de água e de energia eléctrica, mas têm quarenta mil para dar a um sujeito para, no intervalo, tentarem vender um produto político completamente fora de prazo. Falta-lhes um mínimo de pudor. Não tenho dúvidas que a praça se encherá, mas o sentido de voto não se alterará com essa manifestação que constitui, do meu ponto de vista, uma provocação aos que nada têm, um acto incompreensível por quem quer e não pode pagar as suas obrigações mensais, quer alimentar os filhos e depende da solidariedade, que desejam adquirir os cadernos e livros para a escola que se aproxima e sentem os bolsos vazios. Que reles e oportunistas são!
Não tenho a certeza se aqui já contei a situação que vou tentar narrar. Envolveu uma campanha eleitoral, comícios-festa e artistas convidados. A história já tem uns anos. Antes de mais fica aqui o registo que sempre tive dúvidas sobre a relação custo-benefício relativamente às acções de campanha com artistas vindos de fora. Porém, quando assumi responsabilidades dessa natureza, a vontade dos grupos de trabalho que integrei foram sempre determinantes. Lembro-me de ter estabelecido um contacto com o Sérgio Godinho que acedeu participar num comício. Não sei precisar o cachet, mas tenho a noção que foi irrisório, um pouco por amor à camisola na luta por uma sociedade melhor. Tratava-se de um artista com muitas canções de intervenção política, portanto, pensei eu, adequado para o comício ali junto à Assembleia Legislativa da Madeira. Convidei, também, um grupo de músicos da Madeira, que formavam um conjunto de irrepreensível qualidade, para a primeira parte do referido comício-festa. Lamento não lembrar-me o seu nome. Ora, estava este grupo em palco, decorriam já uns quinze a vinte minutos de espectáculo e um sujeito abeira-se e pergunta-me: olhe, a que horas é que isto começa? Respondi-lhe: já começou. Ele retorquiu: eles estão ainda a ensaiar, não estão? Na altura, ainda para ele olhei, para perceber se estava no gozo comigo. Não estava. A sua cultura musical é que era outra. Possivelmente, mais pimba!
Não tenho a certeza se aqui já contei a situação que vou tentar narrar. Envolveu uma campanha eleitoral, comícios-festa e artistas convidados. A história já tem uns anos. Antes de mais fica aqui o registo que sempre tive dúvidas sobre a relação custo-benefício relativamente às acções de campanha com artistas vindos de fora. Porém, quando assumi responsabilidades dessa natureza, a vontade dos grupos de trabalho que integrei foram sempre determinantes. Lembro-me de ter estabelecido um contacto com o Sérgio Godinho que acedeu participar num comício. Não sei precisar o cachet, mas tenho a noção que foi irrisório, um pouco por amor à camisola na luta por uma sociedade melhor. Tratava-se de um artista com muitas canções de intervenção política, portanto, pensei eu, adequado para o comício ali junto à Assembleia Legislativa da Madeira. Convidei, também, um grupo de músicos da Madeira, que formavam um conjunto de irrepreensível qualidade, para a primeira parte do referido comício-festa. Lamento não lembrar-me o seu nome. Ora, estava este grupo em palco, decorriam já uns quinze a vinte minutos de espectáculo e um sujeito abeira-se e pergunta-me: olhe, a que horas é que isto começa? Respondi-lhe: já começou. Ele retorquiu: eles estão ainda a ensaiar, não estão? Na altura, ainda para ele olhei, para perceber se estava no gozo comigo. Não estava. A sua cultura musical é que era outra. Possivelmente, mais pimba!
Frente ao palco, mesmo quando o Sérgio Godinho actuava, talvez estivessem umas trezentas pessoas. Algumas outras dezenas sentadas nas esplanadas vizinhas. Mas ali junto ao palco, os do partido e, provavelmente, aquelas pessoas mais sensíveis à Revolução de Abril e às letras que muito disseram e continuam a dizer. Aquele episódio do homem que desesperava por ouvir qualquer musiquinha conhecida, ao jeito, certamente, da música pedida das estações de rádio, fez-me reflectir e mesmo confirmar que os comícios com artistas de qualidade não valem a pena. Os outros, com música pimba, de choradinhos ou de versos brejeiros, as pessoas acorrem pelas mais diversas razões, mas o efeito eleitoral não tem a expressão que os partidos pretendem. Estou convencido que é dinheiro mal gasto. Hoje, ainda por cima, em um momento de clara tragédia económica, financeira e social, como ontem foi público, o PSD gastar € 40.000,00 com um sujeito, penso ser ofensivamente pornográfico. Não tenho dúvidas que a praça se encherá, mas o sentido de voto não se alterará com essa manifestação que constitui, do meu ponto de vista, uma provocação aos que nada têm, um acto abstruso por quem quer e não pode pagar as suas obrigações mensais, quer alimentar os filhos e depende da solidariedade, que desejam adquirir os cadernos e livros para a escola que se aproxima e sentem os bolsos vazios. Que reles e oportunistas são!
O mais interessante disto é que o candidato Dr. Bruno Pereira vai nessa história. Ele quer ser presidente de uma câmara que oscila entre um magnífico espectáculo anual de jazz e uma repelente música pimba. Melhor que Carreira é o artista Jardim que fez "carreira" política e que, embora mantendo o mesmo espectáculo de há 37 anos, é hoje fonte de humor, de divertimento, capaz de interpretar em cima do palco a tragédia e a comédia como poucos. Mas a política de certos senhores sempre foi feita assim. Não têm € 66.000,00, segundo o DN-Madeira, para a Fundação (os responsáveis estão nos dois ambientes) pagar as contas de água e de energia eléctrica, mas têm para dar quarenta mil a um sujeito para, no intervalo, tentar vender um produto político completamente fora de prazo. Falta-lhes um mínimo de pudor.
Assumiu, ontem, o candidato Dr. Paulo Cafôfo e com toda a razão: "(...) Estamos um pouco cansados de homens de gravata e cinto largo nas calças, que só procuram a sua carreira política. O objectivo deve ser servir o público e não servir-se do público", pelo que "esta é a hora da mudança" (...) "Somos os únicos em condições de derrotar o poder estabelecido, de derrotar o dr. Bruno Pereira que é o procurador do dr. Jardim". Concordo.
Ilustração: Google Imagens.
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