O Dr. António Fontes escreveu, ontem, no seu texto semanal, na revista do DN-Madeira: "Tudo pelo Funchal" era o slogan da candidatura do Bruno Pereira à Câmara Municipal do Funchal. Agora, como vereador da oposição, mudou o chip para "tudo contra o Funchal". Trata-se de uma síntese perfeita à luz do que tem sido, nas últimas duas semanas, o registo dos vereadores do PSD liderados pelo Dr. Bruno Pereira. Em princípio estranhei, mas tal como o refrigerante, entranhei. Sei que são assim e não vale a pena esperar outra coisa, melhor dizendo, conceder o benefício da dúvida. O que para mim, cidadão desta cidade do Funchal, estranho e não consigo entranhar é a posição da CDU (PCP/Verdes) na Madeira, que denuncia estar, de forma contínua, de pé atrás. Porquê, não sei. Mas conheço o exemplo de Loures, cuja Câmara foi ganha pela CDU (PCP/Verdes), mas onde o Dr. João Bernardino Soares, ex-líder parlamentar do PCP na Assembleia da República, fez uma aliança com os social-democratas (PSD). A diferença ideológica entre partidos é significativa, todavia, isso não impossibilitou uma convergência para governar o município. Bernardino Soares explicou: "(...) Chegámos a um acordo com o PSD, como fizemos com o PS em Sintra e noutros sítios. Não perdemos os nossos princípios, mas, no que diz respeito às autarquias, estamos sempre dispostos a dar o nosso melhor pelas pessoas que confiaram em nós". Que razões levam a que tal não aconteça no Funchal? Estranho e não entranho!
Dr. Artur Andrade, Vereador da CDU. E se olhasse para o exemplo de Loures? |
Ora bem, olho para o Funchal, e não percebo, à luz da História política regional, de 37 anos de poder absoluto, de um sistema difícil de apear, cujas mudanças operadas em sete concelhos são ainda muito frágeis, nem consigo explicar, este visível combate político à Coligação "MUDANÇA"? Primeiro, não quiseram integrar a Vereação com funções executivas, agora é o IMI como cavalo de batalha. Todos sabemos que o IMI é um imposto escandaloso, mas todos sabemos, por outro lado, que a Câmara tem mais de cem milhões de dívidas. A baixa aprovada de 0,35 para 0,34 é evidente que não é significativa. Não é um "euromilhões" para as famílias, mas é um primeiro passo e um sinal. Por que raio não se insurgem contra a lei e contra este imposto que massacra as famílias? Porquê apontar baterias a quem foi oposição, que agora está a começar e que deseja encetar um novo tempo?
Tenho, desde sempre, uma relação de amizade com muitos militantes e simpatizantes do PCP. Sinto a sua luta como se fosse minha, mas cuidado, o alvo do adversário político e que tanto mal tem feito à Madeira, não é, certamente, o da coligação "MUDANÇA", mas outro que lançou o desastre económico, financeiro, social e cultural durante quase quatro dezenas de anos. Por favor, corrijam o azimute! Olhem para o exemplo de LOURES e deixem-se de tretas.
Ilustração: Google Imagens.
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