A recente polémica em redor da política desportiva regional tem muito que se lhe diga, desde o presidente do governo, ao secretário da Educação, à Assembleia Legislativa da Madeira, passando por alguns que aceitam desempenhar lugares políticos (estou a falar em abstracto) sem terem preparação para tal. Existe uma confusão generalizada na cabecinha pensadora de quem "lidera" e até uma ausência de respeito por si próprio entre os da longa cadeia hierárquica. Vejo cidadãos a aceitar posições de relevo e de grande responsabilidade e questiono-me sobre o seu currículo académico, sobre o seu pensamento global e específico em um determinado sector ou área, que documentos publicaram, o que fizeram de público e notório, e fico com o sentimento de duas coisas: o primeiro valor não é o da competência e sabedoria, mas ser "um dos meus" que não me crie problemas, nem internos nem externos; o segundo, porventura, baseia-se numa lista de nomes para a qual olham e apontam dizendo: és tu que estás a seguir! As lógicas partidárias, a veneração ao "chefe", os interesses pessoais e de vida, a linha de coluna política vulgarmente designada por "corcundez", levam-os a aceitar tudo, mesmo que pouco ou nada saibam da poda! Uns, evidenciam uma notável capacidade de estômago tal a forma como tudo digerem. É, um pouco por isto, que estamos como estamos, pois confunde-se conhecimento com pessoas que, como vulgarmente se diz, "dão uns toques"!
Comecei por enunciar o presidente do governo, pois, 35 anos de poder absoluto, ininterrupto e sem preparação para tal, deu no que deu. Partiu do pressuposto que governar é "fazer obras", que governar é uma espécie de uma porção de cimento para três de areia, mais ferro e blocos, que governar é inaugurar e mandar umas bocas de circunstância, que governar é pavonear-se como o "único" portador do conhecimento. Só que não é. É muito mais complexo do que isso e a prova está nos terríveis indicadores que não prognosticam nada de bom para os madeirenses e portosantenses. Ora, quando o vértice estratégico da pirâmide organizacional, Idalberto Chievenato descreve isto de uma forma magistral, não reúne essa capacidade cultural de produzir sínteses, exactamente o que se espera de um líder, a cadeia hierárquica actua à semelhança do "chefe" (chefe e líder têm significados diferentes). Dou nomes às situações: alguém poderá esperar um rasgo político por parte do secretário regional da Educação e dos Recursos Humanos? O Dr. Jaime Freitas certamente que é um excelente docente nas áreas para as quais se formou, mas não está preparado para liderar a Educação e os Recursos Humanos. Não se lhe conhece pensamento, as suas intervenções na Assembleia não saem da lengalenga da defesa politiqueira do governo, quando momentos têm existido para explanar ideias, conhecimento e projecto. Mas é disto que o "chefe" gosta e aprecia, que não lhe façam ondas, que não demonstrem capacidade superior à sua, que se mantenham na mó de baixo, simplesmente porque, lá vem a história outra vez, o "único importante" é ele! Repito, é preciso, em linguagem popular, demonstrar ter cérebro de noz e ser submisso à repreensão. Melhor dizendo, ser capaz de "lamber para cima e escoicear para baixo". Na presente questão que envolveu a Direcção Regional da Juventude e do Desporto é um exemplo do que acabo de dizer. O mínimo que o Dr. Jaime Freitas, enquanto secretário regional da Educação e dos Recursos Humanos, deveria ter feito, não era o de se curvar perante Sua Excelência e chutar o problema para baixo, antes deveria ter-se demitido. Merecem a minha consideração os dois responsáveis pela direcção regional que perceberam a ofensa à sua dignidade política e profissional. Não é que eu esteja de acordo com o Congresso do Desporto (já aqui denunciei a minha posição), mas porque há outras formas, sobretudo dignas, para corrigir alegados interesses. O Dr. Jardim foi um Capitão que descarregou no Alferes e este no sargento! Que tristeza o Alferes, nesse mesmo momento, não lhe ter dito: tenho emprego e trabalho, vou ali e já volto!
Finalmente, é óbvio que é sempre mau haver vazio de poder e, portanto, o lugar foi de imediato preenchido. Cada um responde da forma que entende e nada tenho a ver com isso. Apenas, enquanto cidadão com o direito a reflectir sobre os movimentos políticos, a resposta ao convite deveria ter sido um rotundo NÃO. Então foi dispensado, por este mesmo Secretário, do cargo de Director Regional de Educação e, agora, aceita ser Director Regional da Juventude e do Desporto? Não bate certo. Para mim, não bate certo. O Dr. Jaime Freitas fez como aquele árbitro, muito amador, numa partida de pequenos, que inventa um penalty e, assobiado, na segunda parte, inventa outro para contrabalançar. Só que faltam dois anos para terminar o jogo e, em função do passado, dificilmente poderá haver respeito mútuo e identidade de pontos de vista entre um e o outro. Para além do mais, está visto que o "único importante" é AJJ e, daí, tirem o cavalinho da chuva, o lugar do agora nomeado é uma espécie de faz-de-conta. É preciso ter estômago!
Ilustração: Google Imagens.
Tudo porque há muito dinheiro em jogo! |
Comecei por enunciar o presidente do governo, pois, 35 anos de poder absoluto, ininterrupto e sem preparação para tal, deu no que deu. Partiu do pressuposto que governar é "fazer obras", que governar é uma espécie de uma porção de cimento para três de areia, mais ferro e blocos, que governar é inaugurar e mandar umas bocas de circunstância, que governar é pavonear-se como o "único" portador do conhecimento. Só que não é. É muito mais complexo do que isso e a prova está nos terríveis indicadores que não prognosticam nada de bom para os madeirenses e portosantenses. Ora, quando o vértice estratégico da pirâmide organizacional, Idalberto Chievenato descreve isto de uma forma magistral, não reúne essa capacidade cultural de produzir sínteses, exactamente o que se espera de um líder, a cadeia hierárquica actua à semelhança do "chefe" (chefe e líder têm significados diferentes). Dou nomes às situações: alguém poderá esperar um rasgo político por parte do secretário regional da Educação e dos Recursos Humanos? O Dr. Jaime Freitas certamente que é um excelente docente nas áreas para as quais se formou, mas não está preparado para liderar a Educação e os Recursos Humanos. Não se lhe conhece pensamento, as suas intervenções na Assembleia não saem da lengalenga da defesa politiqueira do governo, quando momentos têm existido para explanar ideias, conhecimento e projecto. Mas é disto que o "chefe" gosta e aprecia, que não lhe façam ondas, que não demonstrem capacidade superior à sua, que se mantenham na mó de baixo, simplesmente porque, lá vem a história outra vez, o "único importante" é ele! Repito, é preciso, em linguagem popular, demonstrar ter cérebro de noz e ser submisso à repreensão. Melhor dizendo, ser capaz de "lamber para cima e escoicear para baixo". Na presente questão que envolveu a Direcção Regional da Juventude e do Desporto é um exemplo do que acabo de dizer. O mínimo que o Dr. Jaime Freitas, enquanto secretário regional da Educação e dos Recursos Humanos, deveria ter feito, não era o de se curvar perante Sua Excelência e chutar o problema para baixo, antes deveria ter-se demitido. Merecem a minha consideração os dois responsáveis pela direcção regional que perceberam a ofensa à sua dignidade política e profissional. Não é que eu esteja de acordo com o Congresso do Desporto (já aqui denunciei a minha posição), mas porque há outras formas, sobretudo dignas, para corrigir alegados interesses. O Dr. Jardim foi um Capitão que descarregou no Alferes e este no sargento! Que tristeza o Alferes, nesse mesmo momento, não lhe ter dito: tenho emprego e trabalho, vou ali e já volto!
Finalmente, é óbvio que é sempre mau haver vazio de poder e, portanto, o lugar foi de imediato preenchido. Cada um responde da forma que entende e nada tenho a ver com isso. Apenas, enquanto cidadão com o direito a reflectir sobre os movimentos políticos, a resposta ao convite deveria ter sido um rotundo NÃO. Então foi dispensado, por este mesmo Secretário, do cargo de Director Regional de Educação e, agora, aceita ser Director Regional da Juventude e do Desporto? Não bate certo. Para mim, não bate certo. O Dr. Jaime Freitas fez como aquele árbitro, muito amador, numa partida de pequenos, que inventa um penalty e, assobiado, na segunda parte, inventa outro para contrabalançar. Só que faltam dois anos para terminar o jogo e, em função do passado, dificilmente poderá haver respeito mútuo e identidade de pontos de vista entre um e o outro. Para além do mais, está visto que o "único importante" é AJJ e, daí, tirem o cavalinho da chuva, o lugar do agora nomeado é uma espécie de faz-de-conta. É preciso ter estômago!
Ilustração: Google Imagens.
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