Há muitos anos, corria na praça que a nomeação de algumas figuras mais ou menos jovens ou pouco talhadas para uma determinada função, constituía a preferência de quem as escolhia e nomeava. Dizia-se que o mentor resumia o seu pensamento a uma simples frase: aos novinhos, damos-lhes uns pontapés no rabo e eles andam, fazem as coisas! Repito, era o que corria entre os políticos e sindicalistas. Se é verdade ou não, não sei. Mas o que sei, salvo raríssimas excepções, é que no sector da Educação contou com pessoas sempre vergadas ao pensamento hierárquico vindo do vértice "estratégico". E assim temos um sistema educativo que poderia ter dado passos de gigante e não deu. Funciona porque, nas escolas ainda existe muita alma que advém da participação activa dos seus docentes. Mas, mesmo assim, um entusiasmo castrado por uma secretaria regional condicionadora, inimiga da autonomia, que tudo quer e deseja controlar.
Por isso, não me espantaram as declarações de ontem do secretário regional, no decorrer da sessão de encerramento do II Encontro Regional de Educação e I Encontro Internacional de Educação Especial. Essas declarações dizem-me que, desta figura do governo nada se pode esperar em matéria de política educativa. O governante disse que rejeita "quem queira politizar a discussão, politizar os contributos de professores, educadores, investigadores, técnicos e profissionais (...)". É espantoso. Pergunto: então qual é a função do Secretário? Não será política? Oh meu caro senhor, a EDUCAÇÃO tem de ser POLITIZADA. O que se deve evitar é a partidarização, uma vez que a Educação é um desígnio regional e nacional. Mas mesmo assim, cada partido político tem as suas convicções e, portanto, é no confronto das várias ideias que podemos chegar a um ponto em que todos perdem um pouco para que o sistema ganhe muito. Todos, desde professores a dirigentes sindicais têm o dever de discutir a EDUCAÇÃO numa base de opções que são POLÍTICAS. E essa discussão tem de ser livre e não circunscrita ao pensamento (se tem) do secretário ou do governo regional no seu conjunto. Um melhor sistema educativo depende, fundamentalmente, de opções que são POLÍTICAS. Percebeu, senhor secretário? Portanto, é uma treta essa historieta de não politizar a Educação. Ou melhor, a política de Educação está vedada aos outros, menos ao governo regional que dita as políticas que quer e entende. Certo?
Razão tem uma Colega, Maria Mattos que ainda ontem me deixou um comentário na minha página de facebook: "Caro colega. tive a infelicidade de ter esse senhor como docente num curso que frequentei antes da faculdade. Era uma pessoa super esquisita, dizia mal da política, dos sindicatos, detestava que alguém falasse da sua região de origem, etc, etc, etc... enfim, uma série de descontentamentos e que, no final de contas, ele meteu-se em tudo o que outrora abdicava/rejeitava/odiava... Portanto, mais palavras para quê? Como o PSD faz "milagres" a esta gente!". Começo a acreditar naquilo que, há anos, corria na praça!
Ilustração: Google Imagens.
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