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domingo, 19 de abril de 2015

A PRESSA NOS CONCURSOS, OS ENGANOS DO VICE E A FRAGILIDADE DO NOVO GOVERNO


Da edição de ontem do DN-Madeira: "Em vésperas do novo Governo Regional tomar posse, a ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S.A, não descansa ao ponto de lançar dois concursos que chegam aos 38 milhões de euros". Nesta mesma edição, o vice-presidente que termina o seu mandato no dia de amanhã, diz-se "enganado" nas obras da marina do Lugar de Baixo. Por partes. Pergunta-se: este governo regional não é de gestão, desde que o presidente apresentou a sua demissão? Que razões conduziram à decisão, na última reunião de governo, para a assumpção 38 milhões de responsabilidades futuras? Ora, qualquer cidadão, mesmo o mais distante do exercício da política, questionará: a quem serve este tipo de decisão na "hora da despedida"? E, politicamente, estas e outras já assumidas, pretendem o quê? Comprometer e bloquear o futuro executivo fechando-lhe as portas ao seu próprio programa de governo? O futuro esclarecerá.


São muitas as perguntas que podem ser colocadas. Uma coisa é certa: elas saem do interior do mesmo partido, o que pode significar que existem vários partidos dentro da mesma instituição. Parece que andam a marcar terreno ao mesmo tempo que o armadilham. Talvez se possa sintetizar numa frase: vamos ao fundo, mas, tarde ou cedo, também vão connosco! O curioso é que, na mesma edição, o vice de Alberto João Jardim veio dizer que foi "enganado" nas obras da marina do Lugar de Baixo. Enganado? Mas como pode um decisor político ser engando em uma obra daquela dimensão? Então, os estudos técnicos para nada serviram? Então, como justifica, perante o logro, a consecutiva injeção de dinheiro público numa obra que transportava o pecado original do "engano"? E se o vice foi "enganado" quais são as consequências judiciais dos que, alegadamente, o enganaram?
Suspeito que os próximos tempos serão de conflito, de demissões,  atribuição de culpas e de descoberta de novos "buraquinhos". Não sei se, para cautelas futuras, não surgirão casos para investigação. O monstro é tão gigantesco, as armadilhas tão sensíveis e a fragilidade dos novos governantes tão evidentes, que não me parece previsível qualquer estabilidade governativa, no quadro de uma maioria absoluta, como soe dizer-se, pelas pontas. Curiosamente, por agora, não se ouve qualquer posição da nova liderança partidária, sobretudo no que concerne às responsabilidades financeiras futuras. Há um silêncio sepulcral, um come e cala-te que espelha o medo de enfrentar os que estão de saída. Só que o silêncio poderá redundar em gritos. O Dr. Ricardo Vieira (CDS) ainda ontem, em artigo de opinião foi claro. Falou de um "indigitado Presidente do Governo, impreparado" para, logo de seguida, disparar: "(...) os primeiros passos de um Governo ainda não empossado revelam uma trapalhada impensável. Só porque deseja meter pessoas da sua confiança pessoal em cargos de chefia da administração pública, mantendo uma prática nociva que apenas quer sobreviver nesta Região, mete os pés pelas mãos! E a procissão ainda vai no adro!"
Ilustração: Google Imagens.

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