Este Ministério da Educação, liderado pelo inefável Nuno Crato, tem perpetrado muitas maldades ao sistema educativo nacional, à escola pública e, particularmente, aos professores. O rol é muito extenso, mas o pior de tudo é que não se lhe conhece uma ideia para a Educação. Ou melhor, de forma completamente errada, destes quatro anos de mandato, ficam para a história a sua obsessão pelos exames do ensino básico. Quando por todo o lado emergem importantes sinais de mudança, com novos olhares organizacionais e programáticos, Portugal continua preso a velhas concepções e velhos dogmas. Mas essa é uma outra longa questão que não vem ao caso. Agora, são os exames de Inglês, obrigatórios no 9º ano, realizados sob a égide da instituição privada Cambridge. A dinâmica de escola é ultrapassada, os professores, idem, através da obrigação de frequência de uma formação (certificação) com o objectivo de atestar a sua aptidão para supervisionarem tais exames. Os cursos universitários são mandados às malvas, pois quem manda no sistema educativo são os doutos senhores(as) dessa entidade privada. Chegam ao ponto de preparar para as sessões de speaking (provas orais), vigilância e classificação da prova escrita. Espantoso.
Nunca vi nada assim: o sistema público passar pelo vexame da supervisão de uma entidade estranha e de natureza privada. Ora, esta situação, criada pelo ministro Crato, traz, obviamente, água no bico. Deveria ser bem explicada. Se a obsessão do ministro pelos exames é pública e notória, caso do Português e da Matemática, já no quadro da aprendizagem do inglês, chamar alguém de fora para determinar a "qualidade" da aprendizagem, parece-me ser de natureza ofensiva. Há gato escondido com o rabo de fora.
Ora, se a instituição Cambridge quer ter mais alunos nas suas escolas, pois que publicite e angarie alunos. O que não me parece correcto é o sistema educativo português permitir-lhes que invadam a escola pública, utilizando (o termo é este) os professores da rede nacional, gratuitamente, menosprezando o trabalho que realizam e as suas próprias qualificações universitárias. Ademais, se alguém (aluno) desejar uma qualquer certificação que se inscreva na instituição Cambridge. Se assim não for, não levará muito tempo e teremos o "assalto" de uma entidade francesa a querer certificar para os conhecimentos desta língua.
Uma nota final. Li um comunicado da Fenprof: "(...) Só quem desconhece todo o trabalho que os professores têm que desenvolver numa escola, como parece ser o caso dos responsáveis do MEC e, particularmente, aquele que tem de ser feito no último período do ano letivo, é que pode considerar ajustado submeter os professores a este tipo de tarefas que vão para além do seu horário de trabalho e que não fazem parte do conteúdo funcional da profissão. O trabalho que os professores têm que desenvolver com os seus alunos passa a ser secundário face a todas as tarefas relacionadas com este exame de Inglês!" Concordo.
Ilustração: Google Imagens.
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