Há para aí quem ande a patrocinar uma candidatura de Emanuel Câmara à presidência do Partido Socialista na Madeira. Percebo o jogo de quem não tendo coragem para assumir, sugere outro, na lógica de eu não estou, mas está alguém que não me levantará problemas face aos meus desígnios. Como se o Emanuel fosse influenciável. Ora bem, deixem o Emanuel Câmara onde está. Ele que, desde 1993, numa apaixonada teimosia que durou vinte anos, soube esperar pela onda que o conduziu à presidência da Câmara do Porto Moniz. Só por isso, pela sua persistência nutro consideração e respeito político, coisa que não tenho por outros, que parece quererem oferecer-lhe um presente envenenado.
Emanuel Câmara não voltou a cara à luta, não se escondeu, não se fez caro, não aparece apenas ao lado de figuras nacionais, não se tornou, infantilmente, "O Desejado", pelo contrário, fugiu sempre da penumbra e assumiu, com todos os riscos pessoais, uma posição clara, mesmo no tempo em que nem militante partidário era. Num concelho como o do Porto Moniz onde se ganha uma eleição por escassa diferença de votos, é de muito mau senso, quando o seu mandato ainda nem a meio vai, sugerir o seu nome para uma corrida que, estou certo, só lhe trará mais consequências negativas do que positivas.
O momento que o Partido Socialista atravessa é muito delicado. Eu diria que é complexo face aos vícios que se instalaram. Romper com essa teia de mediocridades não se me afigura tarefa fácil. É meu entendimento que a hora é de reunir personalidades que ao longo dos anos se afastaram ou foram subtilmente afastados, mas tal só será concretizável com muito bom senso e tomada de consciência da sua importância na afirmação pública dos socialistas. Não sei se estarão dispostos, porque, entretanto, fizeram outras opções na sua vida (inclusive, político-partidárias), gente magoada, facto que remete para uma posição de enorme responsabilidade. Sair de uma situação que gerou sofrimento para muitos, para uma sociedade em sofrimento e que deseja uma alternativa consistente, para se meter numa outra que não seja portadora de futuro, como se o PS fosse um partido marginal e sem vocação de poder, um clube de bairro, parece-me constituir uma inexplicável imprudência.
A liderança de um partido com a história do Partido Socialista na sociedade portuguesa não é para qualquer um. Existem três pressupostos fundamentais: credibilidade técnica, política e notoriedade social. Há quem não goste que assim seja, mas é a realidade. De resto, o PS não pode ser um ninho de interesses pessoais, gerido com amadorismo e por pessoas que a população não lhes reconhece confiança. E quanto àquele(s) que funciona(m) por detrás da cortina, que nunca se assume(m), esse(s) que o diga(m), claramente, não contem comigo, nem directa nem indirectamente. Nem aqui nem no plano nacional. Por isso, desampare(m) a loja.
Ilustração: Google Imagens.
1 comentário:
O último que feche a porta. Coisa triste. PS: PoScrito. Aprendam com o JPP. Bando de incompetentes!
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